
Fim de ano promissor para o varejo supermercadista? Vem saber

As últimas projeções do mercado financeiro indicam um fechamento de 2025 mais estável do que o esperado para a economia brasileira. Segundo o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, a estimativa para o IPCA caiu de 4,80% para 4,72%, enquanto o PIB deve crescer 2,16%. Em meio a esse ambiente de leve otimismo, um dado chama atenção: o consumo das famílias aumentou 1,5% no segundo trimestre, um avanço que não se via desde o final de 2024.
O comportamento do consumidor também reflete essa melhora. De acordo com a nova edição da Pesquisa Radar Febraban, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o humor do brasileiro apresentou variação positiva neste segundo semestre.
Entre os entrevistados, 72% afirmaram estar satisfeitos com a vida que levam, repetindo o patamar de março e superando o recuo de junho (70%). Já 65% acreditam que sua vida pessoal “vai melhorar” nos próximos meses — resultado superior ao índice anterior de 63%.
A percepção sobre o país também mostra sinais de recuperação. O número de brasileiros que veem evolução positiva na economia chegou a 34%, após meses de queda contínua.
Para o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, “nesse terceiro trimestre do ano, para além das tensões econômicas internas, os brasileiros precisaram lidar com uma nova pressão externa: as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos, o chamado ‘tarifaço’. Nesse contexto, um misto de cautela e otimismo perpassa as avaliações sobre o País e a economia”.
O que isso representa para o setor supermercadistaCom o pagamento da primeira parcela do 13º salário até 30 de novembro e a chegada das festas de fim de ano, o varejo supermercadista entra em uma das fases mais estratégicas do calendário. O último trimestre costuma concentrar o maior volume de vendas do ano — e pode representar o fechamento de 2025 com resultados acima da média.
“O fim do ano é um período decisivo para o setor supermercadista. As pessoas estão mais dispostas a consumir, há um aumento natural na circulação de renda e, ao mesmo tempo, a concorrência se intensifica. O segredo está em preparar o PDV, as campanhas e a experiência de compra para esse cenário”, explica José Mauro Nunes, especialista em comportamento do consumidor.
Planejamento e marketing: a base do resultadoSegundo Michel Jasper, especialista em varejo nacional, a importância de um trabalho de marketing bem estruturado é ainda maior no fim do ano. “Não basta ter boas ofertas; é preciso comunicar bem. A atmosfera de Natal e Ano Novo deve ser sentida na loja — desde a decoração e ambientação até a forma como os produtos são apresentados”, ressalta.
As campanhas sazonais ganham força nessa época. Narrativas que envolvem momentos de celebração, união familiar e confraternização são essenciais para engajar o consumidor e aumentar o ticket médio. Além disso, o marketing visual e digital devem caminhar juntos para ampliar o alcance das ações, tanto no ambiente físico quanto online.
“Cada canto do supermercado representa uma oportunidade de venda. A sinalização correta, o uso inteligente das gôndolas e a disposição estratégica dos produtos podem fazer toda a diferença”, destaca o especialista.
Gestão do PDV: operação integrada e experiência fluidaO sucesso nas vendas de fim de ano depende de uma gestão de PDV eficiente, capaz de garantir uma jornada de compra fluida e agradável. Isso inclui abastecimento adequado, controle de estoque e organização visual que facilite a navegação do cliente.
A ausência de produtos essenciais, famosa e temida ruptura, ou o desarranjo nas gôndolas pode comprometer a experiência do consumidor e gerar perda de venda. Por isso, planejamento e reposição são etapas fundamentais.
Outro ponto relevante é a agilidade no atendimento. Reduzir filas e tempos de espera é essencial. Nesse sentido, soluções de self checkout têm se mostrado uma alternativa prática e eficiente. “Além de otimizar o fluxo, o autoatendimento melhora a percepção do cliente sobre a marca, mostrando modernidade e cuidado com o tempo dele”, complementa Jasper.
Relacionamento e fidelização: o pós-venda estratégicoAs vendas de fim de ano não devem ser vistas apenas como um pico sazonal, mas como uma oportunidade de fidelização. Clientes conquistados nesse período podem se transformar em consumidores recorrentes, desde que haja continuidade no relacionamento.
Ferramentas de CRM (Customer Relationship Management) permitem personalizar ofertas, entender hábitos de compra e estreitar o vínculo com o público. E no pós, manter esse relacionamento aquecido.
“O pós-venda é o grande diferencial competitivo. O supermercadista que usa o fim de ano para entender melhor o comportamento de seus clientes entra em 2026 com vantagem competitiva”, conclui Jasper.

