
Efeito gestão: ruptura cai e categorias essenciais se recuperam

O varejo supermercadista brasileiro registrou em outubro o menor nível de ruptura de itens básicos em 2025, segundo o Índice de Ruptura da Neogrid. O indicador recuou para 11%, uma queda de 0,9 ponto percentual em relação a setembro, consolidando o terceiro mês consecutivo de estabilidade no abastecimento.
A melhora foi impulsionada principalmente pela redução da indisponibilidade em categorias essenciais como arroz, café, feijão e azeite — itens de alto giro e impacto direto na percepção de eficiência da loja pelo consumidor. Para o gestor supermercadista, o dado sinaliza maior previsibilidade operacional e melhor controle da cadeia de suprimentos, fatores fundamentais para evitar perdas de venda e rupturas críticas na gôndola.
De acordo com Robson Munhoz, o cenário é reflexo do momento econômico e dos ajustes internos realizados pelas redes. “A desaceleração no volume de vendas reduz a velocidade de giro dos estoques, o que naturalmente diminui a ruptura. Além disso, os grandes operadores estão revisando o mix e enxugando itens de menor saída. É um movimento operacional e estratégico, não estrutural”, analisa.
Categorias: eficiência operacional avança, mas ovos exigem atenção
Enquanto a maioria das categorias apresentou evolução positiva, os ovos de aves seguiram na contramão e foram o único item com aumento de ruptura em outubro, saltando de 20,4% para 22,9%. No acumulado do ano, a indisponibilidade da categoria já cresceu 16,2%, pressionada por instabilidades no setor avícola e impactos no comércio exterior.
Apesar da pressão no abastecimento interno, as exportações reagiram em outubro. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, o país embarcou 2,37 mil toneladas de ovos no mês, gerando US$ 6,05 milhões em receita — alta de 13,6% em volume e 43,4% em faturamento em relação a outubro do ano passado. Para o varejo supermercadista, o movimento reforça a necessidade de atenção redobrada à gestão de categorias sensíveis a variáveis externas.
Queda na ruptura abre espaço para eficiência e rentabilidade
No recorte por categoria, os destaques positivos foram:
Queda de ruptura em outubro:
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Arroz: de 7,1% para 5,4%
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Café: de 7,9% para 6,6%
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Feijão: de 6,4% para 5,2%
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Azeite: de 8,7% para 8,3%
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Alta de ruptura:
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Ovos: de 20,4% para 22,9%
Além da maior disponibilidade, a retração ou estabilidade de preços em itens como arroz e azeite contribuiu para melhorar a margem e permitir estratégias mais agressivas de precificação, sobretudo em produtos de alta elasticidade. Para o supermercadista, esse ambiente favorece promoções mais assertivas e fortalecimento da competitividade regional.
Gestão de ruptura vira diferencial competitivo
O cenário apresentado pelos dados da Neogrid reforça um ponto estratégico para o setor: a ruptura deixou de ser apenas uma falha operacional e passou a ser um ativo de competitividade. Supermercados com maior previsibilidade, gestão de sortimento eficiente e abastecimento estável ganham protagonismo na preferência do consumidor.
Com margens cada vez mais pressionadas, o controle da ruptura se consolida como ferramenta-chave de rentabilidade no varejo supermercadista. E outubro mostra que, mesmo em um ambiente econômico desafiador, eficiência na operação continua sendo o melhor caminho para proteger resultados e fidelizar clientes.

