Entrevista com Thiago Zilli – Conselho do Alimento Seguro
Thiago Zilli foi Coordenador do Conselho do Alimento Seguro da ASSERJ, e recentemente foi convidado para palestrar na principal conferência sobre o tema, realizada em Atenas, na Grécia – ‘7th European Food Safety & Standards Conference’.
“O convite que recebi da organização deste evento mundial de Segurança dos Alimentos para apresentar um Workshop, e ainda sendo Honorable Speaker e Poster Judge, foi justamente pelo reconhecimento do trabalho que a nova gestão da ASSERJ (com o Fábio Queiroz como presidente e eu como Coordenador do Conselho do Alimento Seguro) está fazendo nesse contexto no estado do Rio de Janeiro.”, conta Thiago.
Ele afirma que pode mostrar para o mundo o case do segmento supermercadista do Rio de Janeiro, que, através da ASSERJ, agora está se organizando para fazer parte de um movimento global de redução do desperdício e preocupação com a saúde do consumidor.
Além palestrante honorário, Zilli também avaliou trabalhos de pesquisa de doutorado de varias partes do mundo, quando elegeu como vencedora uma doutora grega que descobriu três novas espécies de fungos, até então desconhecidas, que assolam algumas regiões da Europa, e que servirá de base para obtenção de processos e cultivos mais seguros.
Confira a entrevista na íntegra sobre sua participação no congresso europeu.
Qual foi o propósito do evento em Atenas?
Debater a segurança dos alimentos e padrões de produção de alimentos ao redor do mundo. Foi a sétima conferencia europeia de segurança de alimentos e padrões, reunindo pessoas de diversas partes do mundo, como Índia, Coreia, Turquia, Inglaterra, Canada, EUA, Brasil, Espanha, Uruguai, Grécia. Eram muitas pessoas debatendo suas opiniões e intervenções no segmento onde atuam, sobre questões de processamento e padrões. Foi muito interessante, onde pudemos ouvir muitas coisas novas, e praticas a serem implantadas, umas um pouco mais difíceis, mas foi bastante esclarecedor.
Como surgiu o convite?
O convite surgiu logo depois de eu ter realizado o Workshop da ASSERJ, do Conselho do Alimento Seguro, onde postei na minha rede social profissional (Linkedin). Organizamos o Workshop, que foi um sucesso, e postei enaltecendo o trabalho de todos, e ali surgiu o convite de uma organizadora do evento. Ela entrou em contato perguntando se eu poderia agregar um pouco do meu conhecimento para a conferência. A partir do momento que vi que poderia expandir o trabalho do Conselho e da Associação para outros segmentos, como acadêmicos, políticos, queria ver se teríamos um retorno positivo, e foi exatamente isso que aconteceu. Apresentei o trabalho da Asserj em Food Safety (segurança de alimentos), onde coordenei o conselho junto com a Roberta Lazolli, durante dois anos. Junto com essa pauta, começamos a trabalhar um tema muito importante referente a doação dos alimentos excedentes, para que houvesse o menor risco de desperdício, e para ajudar a sociedade de alguma forma. Levei esse movimento para a conferencia, para que eles tivessem ideia de como estamos lidando com isso, e como o Rio de Janeiro está sendo proativo em relação a essa questão. Já temos resultados satisfatórios para um curto período, e sabemos que temos condição de evoluir muito mais, tendo as ferramentas corretas e um investimento ideológico.
Qual foi o tema que norteou a sua palestra?
O tema foi ‘O papel dos supermercados na segurança dos alimentos e segurança alimentar’. Como que essas duas coisas estão relacionadas, esse é um tema que debatíamos nas reuniões de Conselho e Câmaras Técnicas junto aos órgãos reguladores. Essa questão de descarte dos alimentos. O que discutimos foi a questão da segurança do alimentos ser tratada como risco, e não apenas como legislação. Foi muito debatido a identificação rápida de qualidade dos alimentos expostos no varejo, são muitas ferramentas que ainda precisam de validações para que sejam consideradas eficazes. A maior preocupação é tentar reduzir o descarte de alimentos próprios para consumo.
Como foi sua atuação na criação do Conselho do Alimento Seguro da ASSERJ?
Acredito que fizemos um trabalho bacana de aproximação com as entidades regulamentadoras e a Associação. O conselho deu maior respaldo para os supermercados associados, que até então não tinham a quem recorrer em dúvidas que ultrapassassem as barreiras de suas empresas. Então, minha atuação no conselho foi de começar algo que está vem sendo construído, e foi a maior vitória minha, do Fábio Queiroz e da Roberta Lazolli, em conduzir esse inicio, e enfatizar a importância do trabalho desenvolvido. Ganhamos mais confiança dos associados com o nosso trabalho frente aos órgãos regulamentadores.
A organização de uma Associação Empresarial em prol desta expectativa, de maior inclusão e compromisso das empresas que representa nas comunidades que atendem, é pioneira no Brasil (só havendo casos de empresas que fazem isso de maneira isolada e sem qualquer respaldo) e visa a maior humanização, e maior participação das empresas nas decisões de compras que promovam uma maior sustentabilidade, responsabilidade social e equilíbrio da cadeia de distribuição de alimentos.
Fale sobre sua trajetória profissional.
Sou médico veterinário formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Quando entrei na faculdade esperava cuidar de gatos e cachorros, mas vi no mercado que a área de segurança dos alimentos atuava em outras variáveis, que não só a parte biológica e quimica, mas também a parte econômica, social e politica. E vi que era uma área atrativa e desafiadora. Comecei trabalhando na Friboi, como supervisor de qualidade, depois como coordenador de qualidade. Atuei no Supermercados Mundial como responsável técnico, e passei a integrar o Conselho do Alimento Seguro na Asserj, terminei o mestrado, e agora surgiu a oportunidade de vir trabalhar no exterior.