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Inteligência artificial no varejo: oportunidades, riscos e o que você precisa saber agora

13/08/2025 • Atualizado pela ultima vez 3 Meses

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No segundo dia do Conecta Varejo, a palestra “IA aplicada ao varejo | O futuro chegou: Os dilemas da IA no mundo corporativo” reuniu líderes do setor para discutir como a inteligência artificial transforma negócios, processos e cultura nas empresas. O debate contou com Alessandra Fu Vivian, diretora de arquitetura da Salesforce, e Renato Rocha, diretor comercial da América Latina e África da Suvinil, com mediação de Cláudia Fernandes, CEO da Radar Consult, sobre os impactos da IA no varejo.

Alessandra abriu a conversa destacando a importância de entender a tecnologia como aliada estratégica. “A inteligência artificial não é mais apenas um conjunto de dados, mas algoritmos treinados para gerar funcionalidades que transformam decisões e resultados. Quando pensamos em IA, não estamos no início da revolução, mas apenas no começo da jornada de transformação. O grande desafio é como nós, como pessoas, podemos usar melhor a tecnologia para gerar resultados sem sermos dominados por ela”, afirmou.

A diretora da Salesforce ressaltou a necessidade de democratizar a tecnologia. “Não é para o grande ou para o pequeno, não é para quem tem mais ou menos acesso. A tecnologia deve ser para todos. Precisamos discutir como fazer a IA acessível e democrática em todos os níveis do varejo”, disse Alessandra.

Para Renato Rocha, o futuro da IA no varejo é agora. “Não é algo do futuro, o futuro é agora. Trabalhamos com parceiros em 90% dos municípios do Brasil, e o desafio é despersonalizar e unificar dados no ponto de varejo. A inteligência artificial permite que qualquer empresa, grande ou pequena, utilize ferramentas avançadas para entender melhor o consumidor e otimizar processos”, destacou. Ele comparou o momento atual com a chegada da internet em meados dos anos 1990: “Estamos vivendo uma transformação tão significativa quanto aquela. Quem não se adaptar, ficará para trás.”

A palestra trouxe ainda recomendações práticas sobre como começar a usar IA no varejo. Alessandra explicou a evolução da tecnologia: “A inteligência artificial preditiva já nos ajuda a prever demanda, comportamento do consumidor e padrões de compra. Hoje, com a inteligência artificial generativa, podemos criar soluções personalizadas em escala, desde comunicações individualizadas até otimização logística e produtos sob demanda.”

Ela reforçou que a combinação de recursos humanos e computacionais é essencial. “O grande desafio na era da IA é definir uma lógica de trabalho conjunta. A tecnologia funciona rápido, mas precisa da supervisão e da criatividade humana. Quando conseguimos equilibrar isso, vemos resultados concretos que fazem sentido para o negócio e para o consumidor.”

Renato complementou com exemplos práticos do varejo: “No nosso setor, usamos IA para previsibilidade de produção e distribuição. Nos Estados Unidos, o Walmart utiliza inteligência artificial para abastecer lojas com itens essenciais antes de tornados ou desastres naturais, garantindo que as regiões críticas estejam preparadas. Isso mostra o poder transformador da tecnologia quando combinada com uma mentalidade aberta e estratégica.”

Ele também destacou que a IA não vai tirar empregos, mas transformará quem não se adaptar. “A inteligência artificial vai aumentar a produtividade de quem sabe utilizá-la. O mercado está oferecendo oportunidades para todos os tipos de varejo — do pequeno ao grande — que estejam dispostos a aprender e aplicar essas ferramentas.”

Ambos os especialistas reforçaram que o equilíbrio entre tecnologia, cultura e propósito é fundamental. “A IA não é mágica. É matemática aplicada, mas seu impacto depende de uma cultura que valorize experimentação, aprendizado e colaboração”, disse Renato. Alessandra completou: “O futuro pertence às empresas que entendem que a inovação é um processo cultural, apoiado em tecnologia e focado no cliente. Sem isso, a IA não gera resultados sustentáveis.”

Limites e dilemas da inteligência artificial: ética, dados e consciência humana

Na ocasião, Alessandra Fu Vivian chamou atenção para os limites da inteligência artificial e a importância da consciência humana. “Olhando na tela, você está alinhando o algoritmo sobre o ponto que quer ver. E se você está vendo coisas que talvez não sejam relevantes, isso é um reflexo das suas escolhas. A consciência humana precisa ser protagonista nesse processo”, afirmou.

Ela destacou que o que é considerado certo ou errado varia culturalmente e que a IA não substitui julgamentos humanos. “No Japão, por exemplo, é permitido criar imagens inspiradas nos traços dos estúdios Ghibli, mas não comercializá-las. Aqui no Brasil, a lei de direitos autorais impede isso. Portanto, é necessário praticar habilidades humanas que não podem ser ensinadas a uma máquina, como empatia e visão rápida do mundo”, explicou.

Alessandra também reforçou a importância da qualidade dos dados. “Se você entra com dados ruins, o resultado será ruim também. A responsabilidade sobre os dados que alimentam os algoritmos é enorme. Devemos ter consciência do que estamos criando e como isso impacta nosso ambiente de trabalho e decisões de negócio”, alertou. Ela citou aplicações práticas, como sensores que capturam informações de clientes ou do clima, e destacou que mesmo dados sintéticos podem carregar preconceitos e vieses, exigindo atenção e ética no uso da tecnologia.

Renato Rocha complementou, comparando os dados a um recurso precioso: “Os dados hoje são como um petróleo descoberto. Podem transformar literalmente uma vida. Mas é preciso usá-los com responsabilidade e eficiência para gerar resultados e construir o futuro. A transformação cultural é tão importante quanto a tecnológica. Quem souber aplicar dados de forma ética e estratégica terá vantagem competitiva.”

Ambos enfatizaram que a IA é poderosa, mas não é mágica. Alessandra concluiu: “A máquina aprende a partir de algoritmos e dados, mas não substitui a consciência humana. Precisamos refletir sobre o impacto do que estamos criando e como isso influencia nossas decisões, nosso negócio e nossa sociedade.”

Renato reforçou a necessidade de adaptabilidade e alfabetização digital. “As transformações acontecem rápido. Não é apenas abraçar a tecnologia, mas entender seu valor, aplicá-la com responsabilidade e educar as pessoas para que possam trabalhar em conjunto com os recursos digitais.”

A mensagem final foi clara: o futuro da IA no varejo depende da combinação entre tecnologia avançada, dados de qualidade, ética, consciência humana e cultura organizacional. Empresas que equilibram esses fatores estarão preparadas para inovar, automatizar processos e tomar decisões mais estratégicas, de forma sustentável e responsável.

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