
IA no Varejo: especialistas apontam riscos, oportunidades e dicas para começar com segurança

No último dia do Rio Innovation Week, o palco Conecta Varejo recebeu a palestra “Futuro Conectado: Inovação, IA e Segurança na Nova Era Digital”, reunindo nomes de peso para debater os desafios e oportunidades da inteligência artificial no ambiente corporativo. O painel contou com Matheus Zeuch, CIO da SAP Labs Latin America; Paulo Pontes, consultor da Petrobras; e Rodrigo Leite, Lead Scientist da Mastercard, com a mediação de Elifas Vargas, coordenador de curadoria do RIW.
Logo no início, os especialistas destacaram a importância de tratar com atenção a privacidade e segurança dos dados, peça-chave para qualquer solução baseada em IA. Para Matheus Zeuch, o ponto mais crítico é a confiança nos dados utilizados para treinar e operar os modelos:
“Dados são a matéria-prima da inteligência artificial. É preciso garantir que sejam tratados de forma responsável, relevante e segura. Na SAP, trabalhamos há anos com IA e lançamos recentemente o BDC – Instance Data Cloud, pensado justamente para gerenciar dados com confiabilidade.”
Paulo Pontes alertou para um risco conceitual: a falta de compreensão sobre o que é IA de fato. “IA é um termo de mercado para técnicas de análise estatística. É preciso consciência sobre onde ela se aplica, entender que os resultados podem variar a cada execução e que existe uma nova camada de gestão de segurança: não basta controlar quem acessa os dados, é preciso controlar como a IA os acessa, para evitar vazamentos.”
Já Rodrigo Leite reforçou a necessidade de transparência e rastreabilidade nos sistemas: “O usuário precisa saber em quais momentos pode receber uma resposta imprecisa. Além disso, legislações em andamento vão exigir cada vez mais rastrear cada decisão tomada pelo sistema e explicar como ela foi gerada.”
Oportunidades para o varejoO painel também trouxe exemplos práticos do uso da IA no varejo. Paulo Pontes citou sistemas de recomendação, como os da Amazon, que sugerem produtos com base no comportamento de compra: “Hoje, algoritmos conseguem identificar padrões que antes demandariam equipes inteiras de analistas, com custos inviáveis. Isso impacta diretamente o faturamento.”
Matheus Zeuch mencionou soluções como previsão de demanda, otimização da cadeia de suprimentos e logística, além de casos premiados, que implantaram precificação inteligente com etiquetas digitais, reduzindo o tempo e o custo para atualizar preços.
Rodrigo Leite alertou que, mesmo com ganhos expressivos, é preciso atenção às ambiguidades nas correlações feitas pelos algoritmos, garantindo que as recomendações não gerem riscos para o consumidor.
Aspectos legais e arquitetura dos sistemasO debate também abordou a LGPD e legislações futuras específicas para IA, inspiradas no modelo europeu. Pontes destacou que pensar em segurança desde a concepção do produto evita retrabalho e passivos jurídicos. Leite acrescentou que, com direitos como o “direito ao esquecimento”, é necessário desenhar sistemas capazes de excluir ou anonimizar dados de forma efetiva, sem comprometer modelos já treinados.
Dicas para quem vai começar a usar IA nos negóciosPara quem está iniciando, os especialistas concordam que atualização constante é essencial. “IA muda toda semana. Novos conceitos, produtos e metodologias surgem o tempo todo. É preciso estar pronto para revisar processos e adotar novas ferramentas”, disse Paulo Pontes, citando o exemplo recente do Crew AI, que cria múltiplas IAs para trabalhar de forma colaborativa.
Zeuch recomendou buscar parcerias estratégicas com empresas que ofereçam acesso seguro a múltiplos modelos de IA e recursos de teste, como a plataforma BTP da SAP, que integra 35 modelos homologados com camadas de segurança e anonimização de dados.
Já Rodrigo Leite ressaltou que, apesar do fácil acesso a tecnologias avançadas, entender os fundamentos técnicos é indispensável: “Ter acesso a uma Ferrari não significa saber dirigir. Sem noções básicas de como os modelos funcionam, aumenta-se o risco de erros e falhas de segurança.”
O aprendizado que fica é: devemos nos atualizar sobre o tema, estudar as melhores ferramentas para os negócios e estar sempre atento às opções que surgem no mercado. Afinal, a IA, bem utilizada, traz benefícios incríveis para o varejo e não devemos deixá-la de lado. Pelo contrário, devemos explorar da melhor forma.
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