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A confiança digital será o maior ativo das empresas nos próximos anos. Como proteger a sua dos golpes online?

07/10/2025 • Atualizado pela ultima vez 2 Meses

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Para aqueles que não vivem em uma bolha isenta das informações externas, uma constatação sobre o mundo virtual é inevitável: a segurança é cada dia mais atacada. Diariamente somos impactados com novas notícias sobre alguma ofensiva de criminosos em golpes online. E um levantamento divulgado pela Forbes Brasil expõe como o cenário é alarmante para o e-commerce. Segundo a pesquisa, 82% dos consumidores brasileiros já foram vítimas de algum tipo de fraude digital. O maior cenário negativo são as redes sociais, com destaque para anúncios falsos (45%), perfis falsos (28%), sites fraudulentos (13%) e contas clonadas (6,3%).

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O estudo apresenta como é extremamente preocupante o atual contexto do ambiente digital e, principalmente, como é de suma importância que empresas desenvolvam mecanismos de segurança para si e para seus usuários, conforme destaca a advogada Débora Farias, especialista em Direito Empresarial e do Consumidor, com foco especial em fraudes bancárias, relações de consumo e o setor varejista: "Não estamos falando apenas de consumidores desatentos. Estamos diante de uma crise de confiança digital que afeta diretamente a reputação de empresas e instituições. Quando uma marca é usada em um anúncio falso ou associada a um golpe, ainda que sem culpa, há um impacto real na percepção de confiabilidade e também um risco jurídico para a companhia envolvida".

A atuação dos criminosos no universo das redes virtuais tem um planejamento com uma lógica estratégica. A principal intenção é explorar a credibilidade de marcas reconhecidas, simulando promoções ou canais oficiais de atendimento, para atrair clientes que não se atentem ao golpe. Com meios cada vez mais convincentes e bem estruturados, os fraudadores impõem uma dura missão para as empresas, que precisam de sistemas de segurança progressivamente mais robustos. Vale destacar ainda, que esse tipo de crime não gera apenas reflexos individuais com prejuízos somente para consumidores, ele também afeta as próprias organizações.

De acordo com Débora Farias, as companhias devem encarar essa questão como uma potencial crise de riscos de imagem e de responsabilização: "É preciso entender que esse tipo de fraude não é um problema externo apenas, mas um risco corporativo que precisa ser monitorado, prevenido e tratado com a mesma seriedade de qualquer outra ameaça à reputação e à conformidade legal".

Embora nosso país conte com instrumentos legais como o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), suas aplicações práticas ainda representam um desafio. A fiscalização é lenta, a responsabilização das plataformas é limitada e a maior parte das medidas ocorre apenas depois do dano causado.

"No Direito do Consumidor, a confiança é um bem jurídico protegido. Por isso, mesmo quando a fraude é cometida por terceiros, a empresa precisa estar preparada para demonstrar diligência e proteger seus clientes, sob pena de enfrentar ações judiciais, autuações de órgãos como Procon e Senacon e perda de competitividade", ressalta a advogada especialista no varejo.

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Corroborando o levantamento da Forbes Brasil, um levantamento da Check Point Research aponta que, no primeiro semestre deste ano, foram registradas 500 mil ocorrências de ciberataques no Brasil, em uma rotina que afeta usuários e empresas dos mais variados portes. Os principais ataques são o "pharming", "smishing" e "phishing" (explicaremos abaixo as especificidades de cada), que exploram vulnerabilidades humanas e técnicas para roubar dados, credenciais e até dinheiro. Desconhecer o funcionamento dessas ofensivas e as medidas a serem adotadas para proteção amplia os riscos de perda.

Daniel Tieppo, especialista em cibersegurança e Diretor Executivo da HexaDigital, destaca que a prevenção é a principal defesa: "Esses golpes exploram a confiança e a desatenção das pessoas. Por isso, o primeiro passo é entender como funcionam para evitar cair em armadilhas digitais. Além disso, empresas precisam fortalecer processos internos e adotar tecnologias de monitoramento e proteção em tempo real".

Investimento e planejamento: a melhor forma de empresas se precaverem

Não há saída para as empresas, se não trabalhar para minimizar riscos. Para isso, são extremamente necessários investimentos em governança digital e adoção de medidas muito bem estruturadas de prevenção e resposta às ações criminosas. Para o varejo supermercadista, Débora Farias enfatiza algumas recomendações:

  • Registro da marca no INPI;
  • Adotar políticas de monitoramento contínuo de menções e anúncios, identificando e denunciando rapidamente conteúdos falsos e perfis fraudulentos que utilizem indevidamente a identidade;
  • Definição de canais oficiais verificados (sites, redes sociais, WhatsApp verificado) e destacar esses perfis em todas as comunicações com o público;
  • Parcerias com plataformas digitais para agilizar denúncias e remoção de conteúdos falsos;
  • Estabelecer protocolos internos de resposta rápida e gestão de crise para casos em que a marca seja usada em golpes, garantindo transparência e proteção ao consumidor, com envolvimento das áreas jurídica, de compliance e de comunicação;
  • Políticas de uso de logotipos e identidade visual;
  • Seguro contra riscos cibernéticos e vazamento de dados.

Em relação à proteção direta de consumidores, a advogada especialista no varejo pontua:

  • Desenvolver campanhas educativas periódicas sobre segurança digital e formas de contato legítimas nos canais oficiais da empresa;
  • Investir em capacitação das equipes de marketing e atendimento para reconhecer sinais de fraude e orientar os consumidores;
  • Implementação de autenticação em dois fatores para transações online;
  • Canal exclusivo para denúncias e suporte à vítimas de fraude;
  • Utilização de QR Codes seguros e links criptografados para promoções.

"Hoje, não basta ter um bom produto ou serviço. É fundamental blindar a confiança que o consumidor deposita na marca. E isso significa investir não só em segurança técnica, mas também em estratégias institucionais, jurídicas e comunicacionais para lidar com a fraude digital", reforça Débora Farias.

Saiba contra o que se combate

1. Pharming: o golpe invisível que troca o destino. Essa ação redireciona o usuário, de forma invisível, para sites falsos mesmo quando o endereço correto é digitado. Isso pode ocorrer por falhas em servidores DNS ou por malware instalado no dispositivo da vítima;

2. Smishing: quando o SMS vira armadilha. Essa prática consiste no envio de mensagens falsas que induzem a vítima a clicar em links maliciosos ou compartilhar informações pessoais;

3. Phishing: a isca digital mais comum. O ataque utiliza e-mails, redes sociais ou aplicativos de mensagens para se passar por instituições confiáveis, induzindo a vítima a fornecer dados sigilosos, como logins, senhas e números de cartão.

Confiança digital: a chave para o futuro

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Se já representam um cenário desafiador atualmente, os golpes online, infelizmente, ainda irão evoluir. Com o avanço de tecnologias como inteligência artificial e os "deepfakes", a sofisticação da atuação criminosa será mais ampla, exigindo mais atenção das empresas com segurança. Isso será fundamental para preservar o que será um dos principais fatores de diferenciação junto aos consumidores, a confiança, como alerta Débora Farias: "A confiança digital será o maior ativo das empresas nos próximos anos. Quem não estiver preparado para proteger sua reputação frente às fraudes estará automaticamente em desvantagem competitiva".

Diante desse cenário, que se impõe cada vez como um grande obstáculo, o fortalecimento da cultura de segurança digital precisa ser encarado como prioridade estratégica por todo o varejo supermercadista. A confiança, um valor construído diariamente de forma árdua junto ao consumidor, pode ser quebrada facilmente e de forma irremediável no ambiente online, portanto, ela depende da capacidade de prevenir, agir com transparência e proteger o cliente de ameaças. Um episódio falho pode colocar a perder não apenas a reputação no universo virtual, mas também a força no mundo físico.

Daniel Tieppo salienta a responsabilidade compartilhada no combate aos crimes virtuais: "O usuário precisa adotar hábitos digitais mais seguros, enquanto empresas devem investir em políticas de conscientização e tecnologias de defesa. A combinação de educação e prevenção é a melhor estratégia".

Proteger a reputação da marca é proteger também o relacionamento com o cliente e, em um mercado cada vez mais conectado, essa será a base para sustentar a competitividade e o crescimento sustentável das empresas.

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