
"O ouro só vem quando você usa dados a seu favor", ALAS e ASSERJ promovem webinar sobre o futuro do varejo

A Associação de Supermercados das Américas (ALAS), em parceria com a ASSERJ e a Yango Tech, promoveram, nesta terça-feira, 23 de setembro, o webinar, "O Futuro do Varejo Supermercadista com Inteligência Artificial". O encontro contou com as participações de Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ e 1º vice-presidente da ALAS, e de Guilherme Czillich Alvim, head de Vendas da Yango Tech no Brasil.
Inteligência Artificial no varejo supermercadista: da sensibilização à aplicação práticaA Inteligência Artificial já deixou de ser uma tendência e se tornou uma realidade concreta no varejo supermercadista. Os palestrantes exploraram como a IA transforma a jornada do cliente, desde a busca por produtos até a finalização da compra, trazendo personalização e eficiência para toda a operação.
Guilherme Alvim explicou: "Hoje vemos muita gente falando de IA, mas ainda existe certo preconceito em algumas empresas: será que é a hora de embarcar nessa? Será que devo esperar mais um pouco? Mas o fato é que todo mundo está falando do tema. Então, tem muita coisa legal acontecendo e, claro, aqui na Yango não é diferente. Por sermos uma empresa 100% de tecnologia, a ideia é justamente ajudar a disseminar esse conhecimento, trazer informações e deixar claro até onde conseguimos evoluir e tudo que já mapeamos como oportunidade. Atualmente temos diversas soluções, algumas puramente de IA, muitas delas embarcadas em outros sistemas que já fornecemos para o varejo. Um exemplo é a nossa plataforma completa de e-commerce, que vai de ponta a ponta, desde o momento em que o cliente acessa o aplicativo ou o site, até a chegada do pedido na casa dele. Em várias etapas desse processo a IA está presente. Não é uma aplicação simples ou pontual, mas sim um uso completo. Desde a busca, que é algo extremamente sensível, até compreensão dos hábitos de consumo, recomendação de produtos com base nesses hábitos e vai ajustando as sugestões ao longo do tempo. Não existem dois aplicativos iguais, cada cliente faz suas compras, e a IA personaliza a experiência conforme o histórico de consumo. Isso está disponível para qualquer supermercadista. As recomendações, seja em cross-sell ou upsell, também são feitas com base nesse entendimento. Dessa forma, aumentamos o ticket médio, incrementamos vendas e deixamos a jornada mais fluida. Temos ainda um editor de IA para base de produtos. Quando falamos de compra online, todo mundo sabe que a decisão começa pelos olhos. Uma boa imagem ou vídeo é determinante. Hoje nosso sistema gera automaticamente imagens, vídeos e descrições de produtos, tudo para facilitar e automatizar o dia a dia dos varejistas. E claro, oferecemos também um assistente de IA. Imagine: ‘Quero organizar um churrasco para 10 pessoas em casa’. O assistente calcula o volume de produtos necessário, sugere itens e até lista ingredientes de receitas específicas. Isso mostra como a IA já está presente desde o início da jornada do cliente até a finalização da compra".
Fábio Queiróz destacou: "O que eu vejo é o seguinte: a velocidade de transformação do varejo é muito diferente de outros setores. Quando surgiu a IA, vimos muitos questionamentos. Yuval Harari (professor e autor de best-sellers internacionais), por exemplo, dizia que a IA mudaria e dominaria o mundo. Ao mesmo tempo, havia desconfiança e apostas no metaverso como grande protagonista. Pois bem, essa fase já passou. Hoje, qualquer cidadão, mesmo sem ser especialista, entende que a IA veio para ficar e para transformar. Já avançamos para agentes inteligentes e estamos caminhando em passos largos rumo a humanoides. Mas embora o debate sobre o futuro seja fascinante, reconheço que, no presente, a discussão é ainda mais relevante, e talvez menos charmosa. O varejo já se utiliza da IA. Faço questão de frisar: a velocidade de implementação no setor é mais lenta. Nossa operação é dura, complexa, e sobra pouco tempo para absorver novas tecnologias. Ainda assim, o supermercadista já está trilhando esse caminho. O desafio é utilizá-la de forma a realmente aumentar vendas e melhorar a experiência de compra. Gosto muito da palavra sensibilização. Para mim, ela é o primeiro degrau da transformação. Mais do que iniciar, sensibilizar significa introduzir no coração e na mente aquilo que vai ser feito. Vejo um varejo sensibilizado para a IA, mas que ainda precisa integrá-la com sua área comercial e de retail media, que demandam mais IA para chegar a resultados mais profundos. Colocar uma tela de LED na loja é apenas o primeiro passo. O desafio é ir além, integrar dados e inteligência de forma simples e acessível. Fecho essa primeira fala com uma provocação: como você, supermercadista, vai usar a IA para ler dados? Mais ainda: como vai usá-la para vender? E, de forma umbilical, como vai aplicá-la para melhorar a experiência de compra do consumidor?".
Loja física e online conectadas: omnichannel potencializado pela IA
O consumidor moderno exige experiências consistentes, seja na loja física ou no e-commerce. Como promover a integração entre canais e tecnologias permite oferecer uma jornada de compra fluida, sem frustrações e com máxima conveniência?
Guilherme Alvim pontuou: "Estamos vendo que cada vez mais a omnicanalidade é uma realidade. O cliente que vai à loja precisa ter o mesmo tipo de experiência de quem compra em casa, e vice-versa. E uma coisa interessante é que um canal sempre convida o consumidor a conhecer o outro. Se eu comprei primeiro online e tive uma experiência legal, automaticamente vou até a loja para conhecer de onde comprei. E o contrário também acontece. Isso, para mim, é um ponto superinteressante. Essa experiência vai se ampliar à medida que cada vez mais pessoas tenham contato com inteligências aplicadas dentro da loja. Hoje já começamos a ver isso acontecendo. Hoje já temos uma solução de IA que mapeia os produtos dentro da loja por meio de câmeras com visão computacional. E para quê serve isso? Para evitar ruptura, garantir mais assertividade no cumprimento de planogramas e assegurar que os preços estejam sempre corretos, de acordo com o que está definido no sistema, e não apenas na etiqueta física. Assim, conseguimos manter essas etiquetas sempre atualizadas e, a partir disso, garantir a melhor experiência para o cliente. O resultado é simples: os produtos sempre disponíveis, no lugar certo, e a loja com a sensação de que acabou de ser inaugurada, bonita, com as gôndolas cheias e organizadas. E todo mundo sabe: isso, no fim das contas, se transforma em venda. Além disso, temos diversas outras soluções. Por exemplo: enquanto garanto que o que estou mostrando no online realmente está disponível no estoque da loja física, também ofereço uma experiência muito melhor para o cliente no digital e não gero frustração. É justamente essa interação entre os dois mundos, físico e digital, que está ganhando cada vez mais força".
Fábio Queiróz ressaltou: "Eu estive na NRF este ano, em janeiro, e tive contato com uma tecnologia que achei muito legal para integrar a loja física ao online, chamada Lift and Learn. Lift, de erguer, tirar o produto da gôndola, numa tradução bem varejista. E Learn é aprender. Então funciona assim: você tira o produto da gôndola e, imediatamente, aparece na sua frente uma tela mostrando tudo o que você quiser saber sobre ele. Vou dar um exemplo pessoal: tenho uma banda de pop rock, sou cantor, e sempre soube que romã fazia bem para a garganta. Mas eu não sabia que também era bom para a imunidade. Pois bem, quando tiro o romã da gôndola, aparece numa tela de LED, bem à minha frente, todas as propriedades do produto. E não para por aí: nessa mesma tela posso incluir o item no meu carrinho virtual e até pedir entrega em casa, caso eu esteja, por exemplo, indo para o trabalho e tenha parado no supermercado para fazer compras. Mas onde entra a IA nessa história? Até aqui, é um processo totalmente tecnológico, mas ainda não falei de IA. Acontece que, nessa mesma tela de LED, nem preciso do lift, nem preciso erguer o produto. Por meio de IA aplicada, a tela já consegue me ler e hiperpersonalizar a minha experiência de compra. Só de olhar para a tela, ela reconhece o Fábio Queiroz, que gosta de tomar cerveja e não tem o hábito de comprar vinho, e pode me impactar não apenas com o romã que está na minha frente, mas também com cervejas e promoções da loja, e assim por diante. Separei esses dois exemplos para destacar uma coisa: a loja física vai mudar, e muito. Quando surgiram o e-commerce e a IA, alguns mais precipitados já diziam que as lojas iriam acabar. Mas a resposta logo veio: as lojas não vão acabar, elas vão se transformar e se integrar. Essa discussão já está superada. O que falta debater é como essa transformação vai acontecer. E, na minha opinião, essa mudança será profunda".
O futuro do varejo hiperpersonalizado: cuidado, ética e IA
Os dados gerados pelos clientes são um recurso valioso, mas o verdadeiro "ouro" está além deles, principalmente quando o tema envolve a hiperpersonalização, impulsionada por IA, permitindo oferecer recomendações e experiências individualizadas, aumentando vendas e fidelização.
Guilherme Alvim expôs: "Já entrando um pouco mais no detalhe: quando falamos de busca inteligente, a solução não se limita a palavras-chave. Ela compreende o significado e a intenção do usuário. Ou seja, basta começar a digitar algumas letras e ela já entende o que estou buscando. Isso é oferecer uma experiência cada vez melhor para o cliente. Inclusive, é um bom ponto do que o Fábio trouxe: ainda temos muitas pessoas se perguntando como usar a IA ou quem vai colocar a mão na massa. A verdade é que muitas dessas funcionalidades já trabalham sozinhas, porque estão embarcadas na solução. Isso torna o uso muito mais simples e acessível. E qual é o grande diferencial? A IA entende exatamente os hábitos de consumo e o contexto da busca. Por que aquela pessoa está procurando determinado item naquele momento? Ela cruza diversos parâmetros para personalizar de fato a experiência. Pessoa por pessoa. Esse é o ajuste fino: captar a individualidade de cada cliente e personalizar sua jornada. E os resultados são claros. Só com a aplicação dessa tecnologia já ajudamos outros varejistas a alcançar, por exemplo: 5% de aumento no faturamento e 12% a mais de taxa de cliques. Isso gera confiança e aumenta a probabilidade de compra. Outro dado importante: 68% dos compradores abandonam o site se não encontram rapidamente o que procuram ou se não têm uma boa experiência de navegação. O digital vive nessa lógica de velocidade, diferente do físico. Na loja, o cliente quer explorar, olhar todos os produtos, viver a experiência do varejo. Já no digital, o ritmo é muito mais acelerado. Por isso, precisamos estar preparados para atender a todos os perfis de público, o que busca conveniência imediata e o que valoriza a jornada completa".
Fábio Queiróz ratificou: "O cliente hoje nos fornece a matéria-prima, o ouro. E explico o porquê: são os dados. Mas o ouro mesmo só vem quando você consegue usar esses dados a seu favor. Porque dados hoje, como diz Vicente Falconi (consultor em gestão e escritor, eleito uma das 21 vozes do século XXI pela American Society for Quality), não são o novo petróleo. Saber o que fazer com eles é o novo petróleo. Pois bem, nesse cenário de saber o que fazer com os dados, o consumidor nos impõe apenas uma exigência: hiperpersonalização. Já parou para pensar? Hoje ele libera todos os dados. Eu sou do tempo em que não se comprava pela internet por medo de clonarem o cartão ou invadirem a conta. Hoje, o cliente confia 100%. A única exigência chama-se hiperpersonalização. Tivemos a era de tratar todo mundo como igual, homem, mulher, criança, idoso, tudo no mesmo balaio. Depois, avançamos para a clusterização: segmentação por grupos, homem, mulher, idoso, criança. E hoje entramos na hiperpersonalização. Mas como atingi-la? Primeiramente, que será com a IA. Eu venho de um supermercado aqui no Rio e brincamos com a 'IA' dos donos já são mais idosos, que sabiam o que a 'dona Maria' queria. Mas essa inteligência natural funciona para 10, 15 pessoas; a inteligência artificial escala isso de forma gigantesca. Quando você entende esse jogo, precisa integrar o CRM à sua base de dados, usando IA, por exemplo, em chatbots. Se for o aniversário do Guilherme, o chatbot pode perguntar: 'Guilherme, tudo bem? Parabéns! Vai fazer o quê hoje?". Quando ele responder, o chatbot vai fazer as recomendações já com lista e quantidades, oferecendo entrego em casa até a hora programada, pronto, sem trabalho algum. Isso é só o começo. Podemos evoluir para agentes de IA que são a nova onda. Por exemplo, marcar uma consulta médica hoje não exige interação humana: um agente de IA faz isso sozinho. Por que não levar isso para o varejo supermercadista? Eu não preciso entrar no açougue, um agente de IA separa 1,5 kg de picanha, eu passo para retirar e não fico na fila. Além disso, ele não vai entregar na minha casa, mas, se eu optar, ele destravará o comando para isso e fará com que a compra seja finalizada. Amigos, a provocação é grande. E isso está apenas começando".
Guilherme Alvim prosseguiu: "Concordo plenamente, faz total sentido. E o que eu acredito que vale um ponto de atenção em tudo isso é o seguinte: essa questão da hiperpersonalização é muito válida, muito rica e vai ser bastante trabalhada, mas é preciso ter em mente que, do mesmo jeito que no passado considerávamos todo mundo no mesmo balaio, hoje precisamos ter muita cautela para que a hiperpersonalização não evolua de uma forma em que cada pessoa seja tratada tão individualmente que isso gere mais dor de cabeça do que solução. Eu acredito muito na hiperpersonalização, acho que faz total sentido, é um movimento super válido. Na nossa solução, vemos isso funcionando muito bem: conseguimos criar campanhas personalizadas para grupos específicos, como quem gosta de vinho, quem gosta de cerveja, quem gosta de churrasco. Mas vejo com muita cautela a expansão disso para o ponto em que não se trate mais grupos, mas cada indivíduo de forma totalmente isolada. Isso pode gerar retrabalho e complicações futuras. Então, como toda solução, precisa ser utilizada com cuidado. Mas, sem dúvida, esse é um caminho sem volta".
Fábio Queiróz ressaltou: "Com cautela e com ética, é muito importante. O tema do Conecta Varejo desse ano, que é uma das propriedades da ASSERJ, é o maior evento de tecnologia de varejo supermercadista das Américas, abordou justamente a ética dentro dessa história. Então, ok, ainda trabalhamos com limites, e o Guilherme está coberto de razão: cada vez mais vamos mergulhar na hiperpersonalização, não tem jeito e não tem volta. Não adianta dizer: 'eu não quero trabalhar com personalização'. Você vai ficar para trás. Se daqui a 5 ou 10 anos, não sei precisar, quem não integrar seu app de compras à IA, seu comercial e plano de compras vai ter dificuldade para sobreviver. Podemos cravar isso já em setembro de 2025. Agora, quais são os limites disso? Há o caso clássico do Wallmart nos Estados Unidos, onde a IA identificou que uma cliente estava grávida. Como? Pelos seus hábitos de compra, que mudaram. Então, querendo fazer uma surpresa e encantar o cliente, algo que todos nós apoiamos, eles não se atentaram a um detalhe: ligaram para a casa dela, quem atendeu foi o marido, e ele não sabia que ela estava grávida. Isso gerou um processo grande. Portanto, o cuidado com a hiperpersonalização tem limites morais, sociais e éticos. Eu não poderia deixar de colocá-la no ar, de colocar no pensamento de todos. As empresas mais éticas, que souberem manusear isso com inteligência, são as que sairão na frente".
Tecnologia e informação: conectando experiência, compras e retenção
A tecnologia permite impactar o cliente de forma estratégica durante toda a jornada de compra. Recomendações inteligentes e provocações personalizadas ajudam o consumidor a completar sua compra, beneficiando supermercadista e melhorando a experiência.
Guilherme Alvim apresentou: "Toda a parte de recomendações de machine learning, de cross-sell e upsell. Aqui, de novo, entramos muito numa forma de hiperpersonalização, onde a própria plataforma entende os hábitos de consumo dos clientes e, em diversas etapas da jornada de compra, ele é impactado por isso. Seja na página inicial, seja durante o carrinho, seja no cartão ou na imagem do produto, ou mesmo na hora de buscar um outro item, a plataforma provoca o cliente: 'você não esqueceu esse item?', 'não gostaria de comprar este produto a mais?', 'este item pode fazer sentido para você com base no seu perfil de compra'. Com isso, geramos provocações inteligentes para que o cliente tenha uma compra mais completa, o que, logicamente, ajuda os varejistas a aumentarem o ticket médio e agregarem mais valor. Ao mesmo tempo, o cliente tem uma experiência de compra mais completa, garantindo que o que ele pediu chegue completo em casa. Resultados concretos mostram um aumento de faturamento de 22% e retenção de clientes de 15%, justamente porque conseguimos recomendar itens esquecidos ou complementares que fazem sentido para cada perfil. E mais um dado interessante: 80% dos compradores têm maior probabilidade de adquirir produtos de marcas que oferecem experiências personalizadas. Mais uma vez, reforçando a fala do Fábio sobre hiperpersonalização e o quanto isso ainda vai escalar nos próximos anos".
Fábio Queiróz complementou: "Tem o vídeo, que eu acho que é a grande integração entre a loja física e o online. Tem jeito de fazer isso, porque no final a 'last mile', e aqui entre aspas porque se refere a da jornada de compra dentro da nossa loja, vai ser definida pelo consumidor: se ele quer comprar ali na hora, se ele quer receber depois, e assim por diante. E aqui um ponto importante: o que mais vai vender é informação. Quanto mais informação você der para o cliente, melhor. Claro, você precisa de uma tecnologia que facilite a compra; a jornada de compra precisa ser simples, com usabilidade máxima. Isso tem sido feito bastante, e já vemos tecnologias de varejo concebidas de maneira simples, fácil de usar, justamente para quebrar o mito de que tecnologia é complexa demais ou não é para certas gerações. Hoje, idosos manuseiam tecnologia com facilidade, usam self-checkout, e isso já virou rotina para todos os consumidores. Mas voltando à informação: vai vender mais quem informa mais. A tecnologia é grande aliada nesse processo. Voltando ao exemplo do romã: se eu sei que ele faz bem para imunidade, eu vou comprar, principalmente se estiver precisando naquele momento. Para mim, esse é o ponto: a loja física precisa levar muita informação para o consumidor, além das tecnologias que já discutimos. Essa é uma peça fundamental".
Sinergia entre a loja física e digital: garantindo disponibilidade e evitando rupturasPoucas coisas prejudicam mais a experiência do cliente do que produtos indisponíveis. A integração entre estoque físico e digital, com atualizações em tempo real, é essencial para evitar frustrações e manter a confiança do consumidor.
Guilherme Alvim frisou: "Isso é algo que impacta muito o varejo e pode, de fato, ser um problema que afeta a experiência do cliente. Por quê? Se eu não tenho o estoque atualizado em relação ao que está acontecendo no e-commerce. Imagina que você coloca 10 itens no carrinho, faz a compra, e na hora que o pedido chega à sua casa só chegam 6. Quatro itens vieram faltando porque não tinham no estoque, mas estavam sendo mostrados no aplicativo. Isso gera uma frustração enorme. Agora, imagine que esse cliente estava preparando um jantar para 10 pessoas e faltaram 6 ingredientes. O jantar simplesmente não acontece. Você não frustrou apenas uma pessoa, mas 10. Isso causa um impacto negativo gigante. Do mesmo jeito que conseguimos usar os dados para gerar impacto positivo, essa falha pode criar uma reação em cadeia negativa, prejudicando a marca. Um ponto importante que trabalhamos muito é garantir que o que é exibido no aplicativo realmente exista em estoque. Por exemplo, em nossa solução, atualizamos os itens disponíveis a cada três segundos, garantindo que o cliente compre apenas o que está realmente disponível. Portanto, é fundamental ter sinergia entre o estoque da loja e o que é mostrado no digital. Esse é um ponto extremamente importante.”
Fábio Queiróz ratificou: "Ruptura é 'crime' para o varejista. Tinha que estar no Código Penal dos supermercadistas, com pena se acontecer. Como o Guilherme falou: se você não tem uma estrutura adequada, não faça, porque a frustração do cliente é muito maior do que qualquer benefício que você possa ter. A recomendação é começar com uma estrutura mínima, porém eficiente, e ir se aprimorando à medida que a operação evolui".
Curiosidade, treinamento e sensibilização: caminhos para adotar tecnologia no varejo
A tecnologia sozinha não transforma o varejo supermercadista. É preciso treinamento, orientação e acompanhamento próximo para que varejistas e equipes aproveitem ao máximo as soluções digitais. Então, como despertar curiosidade, reduzir resistência e criar cultura de inovação nas operações?
Guilherme Alvim analisou: "Não vou nem falar de resistência, mas sim da curiosidade que precisamos gerar dentro dos varejistas. É sobre provocar, mostrar oportunidades para trabalhar e melhorar. Quando falamos de treinamentos e soluções, do nosso lado tudo é muito simples e claro. E jamais chegaríamos a implantar uma solução dessas em um supermercado e simplesmente dizer: 'boa sorte, agora vocês seguem sozinhos'. Não. É preciso consultoria, estar junto, orientar passo a passo. Muitos vendedores ainda pensam que a venda acaba no momento do contrato, mas, na verdade, é aí que começa. É nesse momento que você pega o varejista pela mão, mostra o que precisa ser feito, como treinar a equipe, como cada etapa do processo será utilizada por cada pessoa. Haverá diferentes funções, cargos e responsabilidades, e cada um usará nossas soluções diariamente. Claro, não é simples, mas com treinamento, tudo é possível. Depois disso, a resistência diminui e a curiosidade cresce. Os varejistas começam a se perguntar: 'tem alguma função que posso automatizar? Algum processo que pode melhorar minha operação?'. É exatamente andar lado a lado e mostrar que tudo é possível".
Fábio Queiróz reforçou: "Frequente as reuniões da ASSERJ, frequente o Conecta Varejo, e agora vamos propor o primeiro evento de tecnologia da ALAS. Vou dar um spoiler: se o conselho aprovar, e o presidente Jânio Cabal, um grande líder, sem palavras para descrevê-lo, apoiar, teremos o evento de tecnologia da ALAS em São Paulo. O projeto está pronto. Primeira orientação: nunca esqueça de sensibilizar e estar aberto à tecnologia. Ela não é tão cara quanto muitos imaginam, e hoje é muito mais simples do que se supõe. Então, primeiro: abra a sua mente. Segundo: procure apoio, porque já existe um ecossistema pronto, com domínio e know-how. O retail media não é só para grandes, é para pequeno e médio também. Para você que é pequeno, solte as amarras e conviva com os grandes, frequente as reuniões da ASSERJ, troque boas práticas. Dessa forma, você vai descobrir tecnologias, hoje baratas ou até gratuitas. Portanto, para o pequeno e o médio, é fundamental integrar a tecnologia à operação, porque ela vai reduzir custos ou aumentar a receita, impactando diretamente a linha final. Isso é ainda mais importante do que para grandes supermercados, que já têm estruturas consolidadas. Tecnologia é uma grande aliada, tanto do pequeno quanto do grande, que todo dia luta para fechar no azul".
ASSERJ: inspirando a inovação e a excelência operacional para supermercadistas
A ASSERJ é referência nos quesitos abordados durante o webinar. Nesse contexto, o presidente da Associação destacou a importância de estudar, se fazer presentes nos eventos e aplicar os conhecimentos adquiridos gradativamente aos processos comerciais, sempre com foco em resultados, colaboradores e experiência do cliente.
Fábio Queiróz encerrou com um recado: "O que discutimos hoje é um tema em que, certamente, a ASSERJ está na vanguarda, no Brasil, nas Américas e no mundo. Não nos limitamos à IA, embora seja muito importante; o tema é a transformação digital como um todo. Eu não sou nativo digital, acabei me apaixonando por isso, fundei o Conecta Varejo pela ASSERJ, que deu origem ao Rio Innovation Week, hoje o maior evento de tecnologia do mundo. O que eu quero dizer é que, apesar dos percalços, a operação do varejo é extremamente dura. Eu me coloco no seu lugar: ainda sou, tenho alma de varejista, mas me afastei da operação. Sei que fluxo de caixa, comprar bem e vender bem são prioridades, mas também sei que você não se arrependerá de investir tempo para inserir tecnologias gradativamente na sua loja. É isso que o consumidor quer, é isso que a sua linha final pede. É também para que seus colaboradores tenham melhor qualidade de vida. Na minha opinião, qualidade de vida não é trabalhar pouco, mas sim trabalhar muito, de maneira correta e produtiva, o que retroalimenta a recompensa pessoal, aumenta a autoconfiança, dentro e fora do trabalho. E você terá tempo de qualidade, não só para sua família, mas dentro do seu próprio trabalho. Trabalhar certo transforma qualquer resultado. O caminho, na teoria e na prática, é sobretudo na troca de experiências. Visite sua loja com olhar diferente, saia de um webinar como esse, dos eventos da ASSERJ, com sede de transformação, pegue a revista Super Negócios da ASSERJ, caminhe pela loja, matéria a matéria, e transforme cada ponto do seu ponto de venda. Que a IA seja integrada ao seu departamento comercial, porque todos somos vendedores: o dono da empresa, o comprador, a atendente. Por exemplo, ontem, fui muito mal atendido com meu filho numa rede de fast food, e isso fez toda a diferença. Saímos e fomos comer em outro lugar. Eles montam toda a estratégia, investem em marketing, e uma única pessoa pode destruir tudo. Olhe para seus colaboradores com essa consciência".
"Também convido todos vocês para o Seminário Super Negócios da ASSERJ, no dia 29 de outubro, onde indústrias e supermercadistas se encontrarão para trocar experiências, falar de gerenciamento de categoria, IA e retail media. A integração entre líderes de setor e associações, que fazem o seu papel institucional, é o caminho certo. Essa mensagem final nos enche de esperança, porque seu papel é exatamente o da execução. O caminho não é fácil, mas é muito rico em aprendizado e em impacto na sua linha final. Então estude, mas não deixe de executar".
Como mencionado pelo presidente da ASSERJ, ressaltamos que já estão abertas as inscrições para o Seminário Super Negócios de 2025. Confirmado para o dia 29 de outubro, às 14h, no Riale Brisa Barra Hotel, na Barra da Tijuca, o encontro é voltado para compradores e profissionais de marketing e trade, trazendo uma programação cuidadosamente estruturada para impactar diretamente o dia a dia, com conteúdos práticos e aplicáveis à rotina de cada setor. Para mais informações, entre em contato com o SAA.
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