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Como a nova faixa de isenção do IRPF pode impactar o varejo supermercadista? ASSERJ explica

06/11/2025 • Last updated 29 Days

Economia
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O Congresso Nacional avança na tramitação de projetos que prometem reaquecer o consumo ao elevar significativamente a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A principal proposta, o PL 1.087/2025, que concede isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais, teve a urgência aprovada pela Câmara dos Deputados e pode ser votada e sancionada ainda este ano, com vigência prevista para 2026.

Em paralelo, o PL 2.692/2025, aprovado pelo Senado e em fase de sanção presidencial, isenta quem recebe até dois salários-mínimos, com validade a partir de maio de 2025. O movimento cria um cenário otimista para o varejo, com um aumento direto na renda líquida de milhões de brasileiros.

Para Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ, o impacto social e econômico da medida é profundo: "Isso vai muito além de uma simples mudança de alíquota. É um reforço direto no orçamento das famílias. Estamos falando de um aumento concreto do poder de compra, que chega sem intermediários e de forma permanente. Para milhões de brasileiros, esse valor representa a diferença no final do mês para colocar um item de melhor qualidade no carrinho ou quitar uma dívida. É um alívio imediato e um poderoso estímulo para a economia como um todo, com o varejo supermercadista sendo um dos primeiros a sentir os efeitos positivos".

O presidente da ASSERJ ainda ressalta que o efeito vai além do consumo imediato: "O ganho real de renda proporciona uma rara previsibilidade para o planejamento familiar. Isso não significa apenas comprar mais, mas comprar melhor. Espera-se um movimento de migração para produtos de maior valor agregado e uma redução natural da inadimplência, já que as famílias terão mais folga para honrar seus compromissos. É uma mudança estrutural no perfil de demanda".

O impacto no bolso do consumidor

A aprovação do projeto que eleva o limite de isenção do IRPF deve injetar bilhões na economia e aumentar o poder de compra do consumidor. A mudança mais expressiva está no PL 1.087/2025. Um trabalhador com salário bruto de R$ 5.000, por exemplo, deixará de pagar R$ 312,89 por mês, totalizando uma economia anual de R$ 3.754,68 – equivalente a um décimo quarto salário.

Veja abaixo a tabela com o novo IRPF:
  • Salário Bruto Mensal - R$ 3.500 | Economia Mensal - R$ 39,76 | Economia Anual -R$ 530,02;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 4.000 | Economia Mensal - R$ 114,76 | Economia Anual - R$ 1.529,77;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 4.500 | Economia Mensal - R$ 200,39 | Economia Anual - R$ 2.671,23;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 5.000 | Economia Mensal - R$ 312,89 | Economia Anual - R$ 4.170,82;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 5.500 | Economia Mensal - R$ 246,32 | Economia Anual - R$ 3.283,48;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 6.000 | Economia Mensal - R$ 179,75 | Economia Anual - R$ 2.396,07;
  • Salário Bruto Mensal - R$ 7.000 | Economia Mensal - R$ 46,40 | Economia Anual - R$ 612,24.
Oportunidades para o varejo supermercadista

Essa "renda extra" previsível deve ser majoritariamente convertida em consumo, com benefícios diretos para setores essenciais. O varejo supermercadista, por ser o canal mais frequente e acessível, está na primeiríssima linha para capturar esse novo fluxo.

A Dra. Ana Paula Rosa, advogada da ASSERJ e especialista no segmento, corrobora e detalha a análise: "Estamos diante de um dos mais significativos impulsos fiscais para a base de consumo da última década. Ao elevar o patamar de isenção, o governo devolve renda diretamente para as mãos do consumidor final, que é o principal motor do varejo de alimentos. Esse movimento deve acelerar a roda da economia, com efeitos diretos e positivos para os supermercados".

Os efeitos devem se manifestar em três frentes principais:

I) Aumento da Frequência: maior renda disponível pode elevar o número de visitas às lojas para compras de reposição e itens de conveniência;

II) Elevação do Ticket Médio: maior poder de compra, o consumidor pode migrar para marcas premium, optar por cortes de carne nobres ou comprar em volumes maiores;

III) Redução da Inadimplência: maior capacidade de pagamento deve ajudar na saúde financeira do cliente, facilitando a manutenção de programas de fidelidade.

Oportunidade, porém, só se converte em resultado quando há preparo. Para transformar potencial em crescimento real, o varejo supermercadista precisa adotar inteligência comercial e estratégias direcionadas. Mais do que executar operações, este é um momento de atuação estratégica. Rever o mix de produtos, capacitar equipes para vender valor, e não apenas preço, e personalizar a comunicação para um consumidor mais confiante serão diferenciais cruciais para conquistar esse novo fluxo de renda de forma sustentável e eficiente.

  • Comunicação Alinhada: desenvolver campanhas que associem o "dinheiro extra" no bolso do cliente a ofertas vantajosas no ponto de venda;
  • Mix de Valor Agregado: priorizar a exposição de categorias com maior margem, como carnes especiais, vinhos, importados e congelados premium;
  • Experiência e Descoberta: promover degustações para incentivar a experimentação de produtos de alto valor percebido;
  • Fidelização Inteligente: aperfeiçoar programas de fidelidade e CRM com cashback (previsão contida na Reforma Tributária) e descontos progressivos;
  • Monitoramento em Tempo Real: ajustar o mix e as promoções com base na análise contínua do comportamento de compra.
Uma grande janela de oportunidade

Mais do que uma simples alteração tributária, a reformulação do IRPF representa uma injeção de capital na base do consumo. Para o setor supermercadista, é uma janela clara de oportunidade para ampliar vendas, melhorar margens e fortalecer o relacionamento com o cliente. O sucesso, no entanto, dependerá da capacidade do nosso seguimento entender o novo cenário e da agilidade em se adaptar a um consumidor com mais poder de escolha.