Preço do frango sobe e da carne desce nos supermercados
Fim do antidumping da China no frango brasileiro e recuperação do consumo de carne vermelha no país são os principais fatores da movimentação
Desde os últimos meses de 2023, a carne bovina sofreu uma considerável queda em seu preço nas geladeiras dos supermercados, e segundo especialistas econômicos, o cenário de 2024 será mais positivo que o anterior, com uma estabilidade nos preços do mercado interno e a produção com alta para exportação.
A realidade dos preços está atrelada ao crescimento econômico e a queda dos juros, afirma o Estadão. Segundo os especialistas, a chamada “virada de ciclo” da pecuária, quando a arroba do boi entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita deve sofrer alteração apenas em 2025.
O excesso de oferta da carne bovina produzida por abates recordes de vacas e o bloqueio das exportações brasileiras para a China depois do caso isolado de vaca louca, foram ingredientes essenciais para a produção acima da média mas longe dos patamares de 2023.
De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o consumo dos lares brasileiros subiu cerca de 3,09% em 2023, alta impulsionada pela deflação no IPCA. A queda acumulada de -4,22% no preço dos alimentos em 2023 foi a maior desde 2017, quando o índice chegou em -7,05%. A carne vermelha foi o ‘abre-alas’ da cesta de alimentos que tiveram queda.
“Estamos de olho nas movimentações do mercado, e enxergamos que o consumidor poderá variar o seu prato no dia a dia. É uma excelente oportunidade para os supermercadistas explorarem mais as vendas, a variedade dos cortes e as promoções “, avaliou Fábio Queiróz, vice-presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, Asserj.
Segundo avaliação do Itaú BBA, a oferta das boiadas seguirão estáveis em 2024, uma situação bem melhor que o cenário de 2023. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, afirmou Cesar de Castro Alves para o Estadão.
Com a melhora da realidade brasileira, seguida da queda do desemprego e do retorno do aumento salarial acima da inflação, são considerados pontos vitais para a controlar a oferta da carne bovina para o mercado interno em 2024. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, diz Tomás Rigoletto, da StoneX.
O cenário das exportações ainda é melhor: Com a melhora da renda da classe média chinesa, composta por mais de 200 milhões de pessoas, a opção da carne brasileira se torna um dos produtos mais escolhidos. O cenário se repete nos Estados Unidos, onde os norte-americanos estão no ciclo de alta bovinocultura de corte, o que significa que a carne estadunidense estará mais cara que a brasileira.
Frango sobe
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontou que os preços médios da carne de frango subiram em fevereiro, em relação ao primeiro mês do ano. Na avaliação, o ‘boom’ veio do ritmo das exportações brasileiras, que ajudaram a esvaziar a demanda interna do produto.
Nos primeiros 15 dias úteis de fevereiro, a média diária foi de 20,7 toneladas um aumento de 21,3% em comparação a janeiro. Segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), foram 311 mil toneladas de frango in natura exportadas contra 353,4 mil toneladas durante o mesmo período completo em 2o23.
Um grande motivo para esse aumento foi a extinção da tarifa antidumping do frango brasileiro pelo governo chinês, a informação foi confirmada pelos ministérios das Relações Exteriores e o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A sobretaxa caiu no último dia 17 de fevereiro, mas foi apenas divulgada no dia 28.
Desde 2019, o governo chinês aplicava tarifas antidumping de 17,8% até 34,2% sobre o frango brasileiro. Cerca de 14 frigórificos brasileiros eram obrigados por acordo a cobrar preço acima do mínimo preestabelecido, o que prejudicava a competitividade no mercado interno.
BRF registra lucro recorde
A BRF anunciou um lucro líquido de R$ 754 milhões no quarto trimestre do ano de 2023, Segundo números da própria companhia, foi o melhor desempenho da empresa para o período desde 2016. A gigante dos ‘frangos’ proprietária das marcas Sadia e Perdigão, também obteve um caixa de R$ 613 milhões.
Os números apontam uma perfomance positiva da Marfrig, iniciada em maio de 2022, quando assumiu o Conselho de Administração da BRF e vem realizando modificações internas nas principais empresas do grupo como Sadia, Perdigão e Qualy.
“Juntas, Marfrig e BRF estão hoje em 140 países, com um portfólio multiproteína diversificado. As empresas estão orientadas a operar de forma cada vez mais eficiente, rentável e sustentável, e a promover geração de valor para todos os nossos stakeholders.” diz Marcos Molina, fundador e presidente do Conselho de Administração da Marfrig.
Nos últimos 12 meses, as ações da Marfrig valorizaram cerca de 48,8%, enquanto os papéis da BRF tiveram uma alta de 145,1% no mesmo período.
Contém informações do Estadão e SuperVarejo.