Supermercados lideram cenário onde varejo brasileiro perdeu R$ 34,9 bi
Falhas na gestão, furtos e perdas por quebras operacionais foram alguns dos motivos.
Relatório de 2024 da Abrappe (Associação Brasileira de Prevenção de Perdas) destaca um cenário de atenção para o varejo nacional, com perdas que alcançaram R$ 34,9 bilhões e subiram pelo segundo ano consecutivo. A pesquisa também aponta avanços tecnológicos no setor para enfrentar essas perdas.
Com uma amostra das 149 maiores empresas varejistas do país, distribuídas em 19 estados, o levantamento evidencia que, apesar dos esforços, o índice médio de perdas subiu de 1,48% para 1,57% entre 2022 e 2023.
Dentre os setores mais afetados, supermercados lideram, enfrentando perdas por quebras operacionais — causadas por furtos, falhas na gestão de estoque e deterioração de produtos. Áreas como padaria, peixaria e mercearia seca viram aumentos expressivos nas perdas, chegando a 73% a mais no caso da mercearia seca.
A notícia boa é que todas as empresas do setor alimentício relataram possuir uma área de prevenção de perdas, um aumento de 27%, com todas as empresas utilizando monitoramento por câmeras e 31% incorporando vídeo analítico. O uso de Business Intelligence aumentou em 17%, e a Inteligência Artificial está sendo explorada, ainda que timidamente, por 6% das empresas.
O estudo também destaca a prática de negociação entre varejistas alimentares e fornecedores para o ressarcimento de perdas e quebras, permitindo que o valor seja registrado como dedutível nas demonstrações financeiras. No entanto, as rupturas comerciais e operacionais indicam problemas de gestão de estoque e falta de alinhamento com o perfil de compra do cliente, sinalizando a necessidade de maior eficiência e planejamento.
O presidente da Abrappe Carlos Eduardo Santos destaca que o crescimento das perdas reflete problemas estruturais no setor, como baixa adesão de clientes de linha branca e uma migração crescente de supermercados para atacadistas, além de uma alta nos furtos de produtos de valor, como carnes nobres, bebidas e medicamentos como Ozempic, além de azeite e chocolate.
“Infelizmente ainda estamos num processo com alto índice de desemprego. E a redução de custos no setor e a alta rotatividade diminuem o controle das empresas. A gente ainda tem problema de gestão e planejamento de estoque de forma indevida.”
Como solução prática para reduzir as quebras operacionais no varejo alimentar, que estão em 60%, é “fazer o básico bem feito”:
“Qualquer descarte de produto deve ser registrado no estoque, indicando a causa raiz, se é avaria, perda natural, imperecibilidade, armazenamento, refrigeração. É importante que, ao descartar o produto, se identifique o motivo porque assim as empresas têm condição de entender as causas mais relevantes e, a partir disso, traçar plano de ação para redução de perda sustentável.”
Com relação aos furtos não há outra saída senão investir em tecnologia como câmeras, antenas antifurto, solução de etiquetas para proteção dos itens mais furtados, conhecidos como alto risco, monitoramento de operações do PDV. “Infelizmente, 60% das fraudes acontecem no caixa”, conclui.
Supermercadista, como estão os seus estabelecimentos em relação ao tema? Com o fim de ano chegando é a hora certa de fazer uma análise e preparar um plano de ação para que 2025 apresente um cenário mais positivo.