Selic: Banco Central anuncia mais uma redução na taxa de juros
Reunião do Comitê de Política Monetária aprovou mais uma redução na taxa básica de juros do Brasil. Como isso impacta no varejo?
O Banco Central anunciou uma redução de 0,5% na Taxa Selic, indo para 11,25%, no menor patamar desde março de 2022, quando a medição começou a aumentar exponencialmente. Segundo o ‘O Globo’, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime.
A instituição ainda informou que outras quedas estão sendo aguardadas pelo Copom, e que essa tendência deverá ser mantida nas “próximas reuniões’. Em outras palavras, a Selic deverá receber novas quedas de 0,5% nos encontros de março e maio, o que levaria a taxa de juros para 10,25%.
A redução dos juros já havia sido sinalizada pelo Copom na última reunião do ano passado, e vinha criando grandes expectativas no mercado. Esta foi a quinta redução seguida na taxa de juros, que vem conseguindo ser derrubada desde agosto de 2023, após quase um ano no patamar de 13,75%.
O comunicado do Banco Central não traz grandes novidades para a economia, apenas a redução dos juros, que já era esperada. Os dois novos diretores integrantes do colegiado do BC, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, ambos indicados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomaram posse no dia 2 de janeiro e participaram da primeira reunião do Copom em 2024.
Governo mira a meta
O Governo Federal decidiu manter o objetivo de zerar o déficit nas contas públicas desse ano, mesmo após a revelação trazida pelo G1 de um rombo na casa dos R$ 230,5 bilhões em 2023, causados em grande parte pelo pagamento de dívidas acumuladas do governo Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022.
“O que a gente tem que considerar é que esse resultado [de 2023] é a expressão de uma decisão que o governo tomou de pagar o calote que foi dado (…). Então, desses R$ 230 bilhões [de déficit em 2023] , praticamente a metade disso é pagamento de dívida do governo anterior que poderia ser prorrogada para 2027 e que nós achamos que não era justo”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para jornalistas após a divulgação do balancete.
O Banco Central pontuou que existem dois fatores cruciais no enfrentamento da inflação no país: “uma maior persistência da inflação mundial” e “uma maior resiliência da inflação de serviços no Brasil”. O cenário de desaceleração da economia mundial pode ajudar na queda de preços no país.
A inflação oficial do Brasil em 2023 fechou com um acumulado de 4,65% de aumento, dentro da meta estipulada pelo governo de 3,25% com margem de erro de 1,5% para mais e para menos. No cenário geral, a projeção do mercado financeiro estão em 3,81% para 2024 e 3,5% em 2025 e 2026.
Varejo supermercadista cria expectativa
A divulgação de mais uma redução na Taxa Selic e a projeção de outras duas quedas esperadas, aumentou as esperanças para o setor supermercadista em 2024, que acompanhou o crescimento de 2% de seu faturamento no último ano.
Com a queda de juros e o surgimento de mais opções para financiamentos, o setor pode projetar investimentos em expansão de negócios. “Estamos vendo algumas redes de supermercados crescendo seus horizontes com os juros atuais. Com uma nova queda em fevereiro, e outras duas aguardadas para esse ano, podemos esperar novos investimentos”, afirma Fábio Queiroz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro.
Nos últimos meses, algumas redes varejistas como o Supermarket, o Adonai e o Prezunic abriram novas filiais pelo estado do Rio de Janeiro. Em janeiro, o Supermercado Guanabara comprou o antigo terreno da Leroy Merlin, no Tanque, para criar mais uma unidade em Jacarepaguá, gerando aproximadamente 1000 empregos diretos e indiretos, segundo a companhia.
Segundo Fábio Queiroz, o crescimento não se restringe apenas ao surgimento de novos supermercados, mas ao bolso do consumidor, “as famílias poderão ter acesso ao crédito, melhorar sua alimentação, encher o carrinho de compras e esse é o grande combustível do crescimento”, afirma. Em uma análise, a Asserj acredita que a geração de empregos no setor do varejo, somada ao crescimento de renda, serão os principais motores dos supermercados em 2024.