Saiba tudo que rolou no último dia da Convenção das Américas

O primeiro keynote do último dia da 35ª edição da SRE, na Convenção das Américas, no pavilhão 3 do Riocentro, foi o renomado chef Claude Troisgros que compartilhou sua trajetória de sucesso.

Durante sua apresentação relembrou a influência de sua família na gastronomia mundial. Ele contou como seu avô, Jean-Baptiste Troisgros, revolucionou o serviço à mesa ao introduzir o conceito de pratos já montados, prática que hoje é padrão na gastronomia, com raras exceções como na cozinha oriental.

Claude Troisgros falou sobre a chegada ao Brasil há 45 anos e os desafios que enfrentou. “Na época, o país ainda era tímido em termos de inovação culinária, e encontrar ingredientes franceses era uma tarefa difícil. Foi então que decidi explorar os insumos nacionais, como maracujá e aipim, incorporando-os às receitas com a mesma técnica e qualidade que sempre busquei”, afirmou.  Para Troisgros, um dos segredos da boa gastronomia é a utilização de produtos frescos e de excelência, e ele defendeu que os cozinheiros devem se concentrar na criação dos pratos, sem se envolver com questões administrativas que possam comprometer a qualidade dos ingredientes.

A trajetória de Claude no Brasil teve altos e baixos. Seu primeiro restaurante, em Búzios, não foi um sucesso financeiro, o que o levou a se mudar para o Rio de Janeiro, onde abriu um pequeno estabelecimento no Leblon, com apenas 17 bancos. Foi nesse espaço que conheceu Batista, seu fiel escudeiro, que começou lavando louça e, ao longo de 44 anos, aprendeu tudo sobre gastronomia. Hoje, Batista é apresentador de TV e proprietário de dois restaurantes. Já Claude Troisgros lidera uma equipe com 250 funcionários, dos quais 30% estão ao seu lado há mais de duas décadas, consolidando sua história de sucesso e influência no cenário gastronômico brasileiro.

O segundo painel do dia, intitulado “Prevenção de perdas: estratégias para o sucesso”, reuniu Carlos Eduardo, presidente da ABRAPPE, e Luiz Rodrigo, diretor do Walmart do Chile. Os especialistas discutiram como a prevenção de perdas pode impactar diretamente a lucratividade das empresas. Luiz Rodrigo ressaltou que as tecnologias utilizadas para reduzir perdas precisam estar conectadas com todos os sistemas da empresa e enfatizou a necessidade de um comitê de risco para garantir ações eficazes. Ele destacou que, ao reduzir perdas, há um aumento na margem de lucro, tornando essa uma estratégia fundamental para o sucesso.

Um dos pontos centrais da discussão foi a diferença entre os modelos de gestão de inventário no Brasil e no Chile. No Brasil, trabalha-se com um inventário único, onde a mercadoria chega e vai diretamente para o estoque. Já no Chile, os produtos vão direto para a venda, e o que sobra é utilizado para reposição, permitindo um controle mais preciso dos itens disponíveis. Esse sistema de “inventário perpétuo” ajuda a otimizar a operação e minimizar desperdícios. Além disso, os especialistas destacaram a importância de um KPI de performance de prevenção de perdas para todo o corpo gerencial, e não apenas para a equipe específica da área.

A mudança de cultura organizacional também foi um tema abordado. Luiz Rodrigo enfatizou que a prevenção de perdas deve estar atrelada à “cultura de dono”, incentivando os funcionários a adotarem uma mentalidade de responsabilidade e cuidado com os produtos e processos. Carlos Eduardo complementou que a cadeia de suprimentos precisa se integrar com as áreas comercial e de relacionamento com o cliente para garantir uma estratégia eficiente.

Após o painel, o palco foi dividido e Bia Fraga, CEO do Grupo Mindhub, apresentou “Os 3Rs do sucesso de um restaurante” enquanto Eduardo Donoso, da Rock Encantech, falou sobre “Como transformar dados em vendas”. O especialista frisou que “a maior parte do resultado não está no dado em si, mas no comportamento humano”. E mais: como utilizar o dado é que importa. Donoso apresentou a diferença entre base de clientes e audiência de clientes.

“O cliente é um ativo estratégico e ter uma audiência significa ter canais diretos e mecânicas de engajamento sobre seus clientes”, pontuou. “Uma audiência permite controle sobre o comportamento de compra possibilitando expansão da oferta de produtos e da monetização junto aos parceiros da indústria, principalmente. Por isso, temos visto o aumento do retail media”, completou.

O último keynote da Convenção das Américas, Arthur Igreja, impressionou a plateia com a palestra “A inteligência artificial no seu negócio” onde apresentou dados sobre produtividade e a expansão exponencial e ferramentas como ChatGPT. “93% dos adultos dizem ter familiaridade com a IA e 61% usam alguma forma de IA para trabalhar e olha que a ferramenta foi criada em apenas três anos”, pontuou.

Ele ressaltou que as principais áreas que utilizam IA são marketing, vendas, criação de conteúdo e personalização de ofertas. Igreja ainda apresentou cases encantando a plateia.

O último dia do braço de conteúdo da SRE também contou com as palestras de Luciana Pecegueiro Furtado, coordenadora de Agronegócio da APEX, “Do Brasil para o mundo: o caminho estratégico das exportações”, e de Paulo Garcia, CEO da Infoprice, que falou sobre “Como o pricing pode fazer a diferença no varejo”.

No palco 3, palestrantes da ABRASEL brilharam nas apresentações voltadas para o setor de food service.

O último dia da Convenção das Américas na 35ª SRE foi marcado por palestras de alto nível e insights estratégicos para o varejo. Do relato inspirador de Claude Troisgros à análise sobre prevenção de perdas, passando por discussões sobre inteligência artificial e retail media, o evento reforçou seu papel como referência em inovação e negócios no setor supermercadista.

Por Publicado em: 20 de março de 20250 Comentários