Previsão de inflação acima da meta implica em perspectiva de taxa de juros elevadas por mais tempo
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (12), desacelerou novamente em abril (+0,61%), ante março (+0,71%) e fevereiro (+0,84%).
A desaceleração foi verificada em cinco dos nove grupos pesquisados, o que sinaliza que a inflação no Brasil começa a ceder, como efeito da elevada taxa de juros, aumento do desemprego e baixo crescimento econômico.
Destaque para os grupos:
- Transporte (+0,6% em abril ante +2,1% em março);
- Comunicação (+0,1% ante +0,5%)
O primeiro se deu pela queda nos preços da maioria dos combustíveis, e, o segundo, pela estabilidade nos preços dos combos de telefonia, internet e TV. A inflação de abril também ficou abaixo da verificada no mesmo mês do ano passado (+1,06%).
O setor supermercadista
O setor de supermercados em nível nacional, ao contrário, observou aceleração da inflação em abril. Subgrupos que apresentaram deflação em março voltaram a apresentar inflação em abril, como:
- Alimentação no domicílio (+0,7%);
- Produtos de limpeza (+0,6%);
- Artigos de higiene pessoal.
Este último, por sua vez, desacelerou novamente em abril (+0,6%), ante março (+0,7%) e fevereiro (+2,8%), em linha com a inflação geral.
Independente do movimento de aceleração ou desaceleração, cabe registrar que todos os nove grupos pesquisados pelo IPCA registraram alta de preços em abril no Brasil, o que representa um cenário de inflação disseminada pela economia brasileira, ainda que em menor nível.
Cenário no Estado do Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a inflação geral em abril acelerou (+0,85%), frente a março (+0,64%), diferente do resultado nacional. Essa aceleração foi verificada em cinco dos nove grupos pesquisados, com destaque para o setor de supermercados, onde todos os subgrupos aceleraram. Após deflação em março, verificaram inflação os subgrupos:
- Alimentação no domicílio (+0,5%)
- Produtos de limpeza (+0,4%).
- Artigos de higiene pessoal, que registrou maior inflação em abril (+0,9%), ante março (+0,7%).
Além de supermercados, sustentaram o aumento da inflação fluminense os grupos Habitação (+1,7% em abril, ante 0,8% em março), puxado, novamente, pelos reajustes aplicados pelas concessionárias de energia elétrica, e Saúde (+1,5% ante +0,9%), pelo reajuste dos preços dos remédios autorizado pela Anvisa. Por sua vez, como na média brasileira, a inflação geral no Rio foi menor em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado (+1,39%).
No acumulado do ano até abril, a inflação acumulada no Rio (+2,60%) ficou abaixo da média nacional (+2,72%). Ambos os indicadores são inferiores aos observados no início de 2022 (+5,08% no Rio e +4,29% no Brasil). Sinal de que teremos mais um ano de inflação elevada, porém em menor patamar que 2022, um alívio para o bolso dos consumidores.
Cenário da inflação geral no Brasil
Cabe destacar ainda, que, apesar da desaceleração, a inflação geral no Brasil em abril veio acima das expectativas (+0,55%), o que deve provocar uma revisão para cima das projeções de inflação. A atual aposta do mercado financeiro é que o IPCA Brasil encerre 2023 (+6,02%) novamente acima da meta do Banco Central (+3,25%) e do teto do intervalo de tolerância (+4,75%).
Previsão de inflação acima da meta implica em perspectiva de taxa de juros elevadas por mais tempo, onerando assim a produção, os investimentos e, por conseguinte, a geração de emprego e renda no país. A expectativa atual é que a taxa de juros básica, a SELIC, encerre 2023 (+12,50%) novamente na casa de dois dígitos, assim como em 2022 (+13,75%). Nesse cenário, cortes na SELIC só devem ocorrer a partir do 4º trimestre.