O que se ouviu nos corredores do SRE Trade Show 2024
Público repercute opiniões dadas pelos palestrantes que apontaram as tendências do setor para os próximos anos
A Super Rio Expofood 2024 encerrou suas atividades na noite da última quinta-feira, 21, e o saldo foi extremamente positivo para o setor do varejo alimentar. Realizado pela ASSERJ e Base Produções, o evento é considerado um dos grandes faróis para o caminho do setor.
Segundo levantamento realizado pela produção do evento, foram consolidados R$ 4,2 bilhões de reais em negócios, o comparecimento de cerca de 68 mil visitantes, uma quebra do recorde do ano anterior, que bateu 60 mil.
Visitantes extrangeiros, autoridades, celebridades e públicos vindos de cada canto do Brasil puderam experimentar stands de 550 empresas presentes, que apresentaram diversas novidades para o setor, desde embalagens 100% sustentáveis até produtos desenvolvidos em colaboração com inteligência artificial.
A SRE Trade Show também recebeu, pela segunda vez, a Convenção das Américas de Supermercados, realizada em parceria com a Associação das Américas de Supermercados (Alas), e que representou setores supermercadistas de 16 países dos 3 continentes americanos.
“Quero agradecer ao Fábio Queiróz e à ASSERJ pela hospitalidade e atenção dadas aos nossos representantes da Alas, e por esta feira que está incrível”, afirmou Jaime Cabal, presidente da Alas, para a Revista Super Negócios.
Público repercute o retail media
Um dos grandes temas abordados na SRE Trade Show foi o uso do conceito de retail media e a sua possibilidade de atingir novos públicos. Ainda que algo novo para o mercado nacional, os visitantes demonstraram interesse em buscar formas de aplicar esse novo conceito de marketing em suas empresas.
“É importante começarmos a olhar com outro prisma a forma de comunicar. As pessoas precisam se sentir prioridade, sendo elas colaboradoras ou clientes”, afirmou Edmour Saiani, durante sua palestra “Supermercado 2030”. Em seguida, o especialista em varejo abordou o conceito para a Revista Super Negócios.
“O retail media é uma criativa forma de conversa entre o público novo e o supermercado novo. Você percebeu que os supermercados estão mudando? Eles estão cada vez mais íntimos, e o retail media é um braço para agregar valor a determinados produtos nesse sentido. Produtos que podem ser lançamentos ou de grande saída, aí depende da estratégia da empresa”, completou.
Egberto Tyotaro, diretor comercial do Grupo Royal, e que esteve presente pelos corredores da SRE Trade Show, afirmou que esse pensamento se tornou importante para o trade marketing. “Passamos a olhar o retail media como estratégia, monetizar anúncios e trazer o fornecedor para dentro do supermercado. Colocar um novo sentido no marketing que dá resultado”, afirmou.
Bruno Costa, gerente comercial da Luminae, gigante do mercado de leds, explicou que a busca pelo retail media representou um aumento de vendas. “Empresas vem procurando formas de viabilizar o retail media em seus estabelecimentos, e isso envolve diretamente provocar um bom cenário, um bom espaço, para dar ao público um conforto inteligente”.
Inteligência artificial é tendência
Pelos corredores do SRE Trade Show foi possível ver inúmeros stands que apostavam consideravelmente em tecnologia. Na Experience Square, pavilhão totalmente dedicado a interações do público com ativações de grandes marcas, robôs eram vistos atendendo o público e até mesmo servindo canapés.
Mas foi com o uso da inteligência artificial que o público desenvolveu a procura por negócios. Roger Lucena, supervisor de projetos de uma importante rede de supermercados de Minas Gerais, afirmou ter encontrado a solução para os seus problemas de gestão dentro da SRE.
“Precisávamos encontrar um serviço de inteligência artificial confiável para resolver os problemas de gestão. Estamos mudando tudo, deixando de lado aquela estrutura clássica de supermercado dos anos 1990, e migrando para o século XXI. Fiscal, contábil, DP, serviços de PDV em um aplicativo só”, explicou.
A solução para os problemas de gestão não foram apenas os motivos que fizeram a inteligência artificial serem uma das tônicas da SRE Trade Show. O palestrante Carlos Schmiedel, fundador da Predify, explicou que “a inteligência artificial usada para a precificação de produtos, pode ajudar na assertividade […] Os supermercados precisam encontrar o equilíbrio do valor humano e do valor tecnológico, para coexistirem. A IA é uma ferramenta e não uma adversária”, afirmou.
Schimiedel trouxe a informação de que 50% das promoções no varejo sequer geram impactos positivos, e 30% da precificação atual é falha. Esses dados corroboram a fala de Leandro Balbinot, CTO da Whole Foods Market e vice-presidente de Tecnologia da Amazon, e um dos palestrantes mais aguardados da Convenção das Américas.
“É preciso testar”, afirmou o executivo. Não apenas sobre inteligência artificial, mas em toda a estrutura do supermercado. “O varejo mudou no mundo em três pontos: clientes, forma de consumo e tecnologia”, completou.
Para Balbinot, o uso da inteligência artificial não é novidade para o varejo, mas a sua aplicação ainda é feita de maneira equivocada. “Muitas redes varejistas ao colocarem uma IA tiram o elemento humano do ciclo funcional. Esse é o grande erro. A IA vai subsituir o ser humano em algumas funções sim, mas isso não significa fechar empregos, mas sim aperfeiçoá-los, colocar o elemento humano em uma função do qual a IA não tem tanto êxito, como o atendimento mais próximo”, afirmou.