Maiores varejistas do Brasil ganham mercado na recessão
Uma reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico revela dados do levantamento “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro”, realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), parceira da ASSERJ no Conselho de Prevenção de Perdas.
O estudo aponta que o atual momento econômico levou a um aumento da concentração no varejo, com grandes redes ampliando sua participação nas vendas totais. As três primeiras redes são supermercados associados da ASSERJ – GPA, Carrefour e Wallmart –
A reportagem mostra que empresas que operam com altas escalas e são mais geradoras de caixa, conseguiram avançar sobre o mercado de consumo – com o encolhimento do pequeno varejo – num movimento que deve se estender também em 2017. Há uma expectativa que a retomada do plano de abertura de lojas das cadeias neste ano aprofunde a concentração no curto prazo.
De acordo com o levantamento “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro”, a participação das dez maiores redes no faturamento total das 300 companhias analisadas passou de 36,7% em 2015 para 37,6% no ano passado. O aumento de 0,9 ponto percentual equivale a pouco mais de R$ 5 bilhões em vendas – correspondente ao tamanho da rede de supermercados Dia e maior que o McDonald’s no país.
As 300 empresas faturaram R$ 562,1 bilhões em 2016. A pesquisa foi realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), com apoio técnico da BTR Consultoria, da Varese Retail e do Centro de Estudos e Pesquisas do Varejo (CEPEV-USP).
Na comparação com todo o comércio brasileiro, com faturamento anual de R$ 1,5 trilhão em 2016, as dez maiores atingiram 15,7% das vendas totais em 2016, versus 15,4% em 2015 e 15,3% em 2014. Na avaliação de Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, o processo de ganho de mercado dos grandes grupos avança neste ano por causa da retomada de investimentos em expansão orgânica.
Em 2016, cerca de 108 mil lojas foram fechadas no país, 8% mais que em 2015. Pouco mais de 70% eram micro e pequenos varejistas, calculou a Confederação Nacional do Comércio. Para este ano, esse processo de encolhimento das pequenas redes ainda deve ocorrer, mas será menos intenso.
Os dados mostram que essas grandes e médias redes abriram mais lojas do que fecharam. Uma amostra de 231 empresas (com informações sobre esse aspecto) mostra que a base de lojas aumentou 3,5% no ano passado. Em 52% das empresas houve aumento, 32% manteve o número de pontos e 16% apresentou redução. “Há um saldo líquido positivo, entre fechamento e aberturas, de 1,5 mil lojas em 2016, o que mostra que não tem sido um período de ‘terra arrasada’ como parece”, disse Eduardo Terra, presidente da SBVC.
Chamou a atenção dos pesquisadores o alto número de varejistas de alimentos na amostra – apesar da queda sobre 2015. São 144 empresas do setor, versus 150 no ano anterior. “Isso mostra como o Brasil ainda tem um varejo voltado para a subsistência basicamente”, diz Serrentino.