Em quanto tempo o conflito Israel-Palestina chegará às gôndolas?
Resposta israelense ao ataque iraniano realizado no último sábado aumentou o nível de apreensão no mercado global
Israel respondeu na noite de quinta-feira (18), o ataque iraniano realizado no último sábado (13), e aumentou ainda mais a escalada do conflito que, oficialmente, é disputado apenas com o Estado Palestino. O episódio é considerado um ponto quase irreversível na relação tumultuada entre os dois países, e que desperta apreensão do restante do mundo na questão alimentar.
“Em qualquer conflito, as pessoas continuam se alimentando. A grande dúvida nessa situação é relacionado a logística como, por exemplo, o estreito de Ormuz, responsável por escoar 30% do petróleo mundial e uma quantidade parecida de alimentos. Obviamente, com o conflito, o impacto no trajeto dos alimentos pode sofrer alterações que resultarão em mais custos”, afirmou Roberto Kanter, economista e professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas.
Esse cenário carrega impactos no mercado externo por afetar outra parte importante para a rota de alimentos mundial: o Canal de Suez, no Egito, afirma Ulysses Reis, professor de varejo da Strong Business School (SBS), conveniada à FGV. “Esse canal é super importante para trazer as importações que vem do Oriente Médio para o Brasil, desde alimentos até os fertilizantes que são usados aqui”, explicou.
Um outro ponto importante dessa equação está no aumento do dólar, que chegou ao patamar de R$ 5,20 e começa a preocupar devido ao impacto que o conflito pode exercer nas importações. Segundo consultorias ligadas ao agronegócio, o preço dos fertilizantes tende a aumentar devido à instabilidade da moeda americana.
Assim como o barril de petróleo pode permanecer em um estágio alto de custo e ser vendido acima da média, algo que refletirá no custo dos fretes de caminhões, na produção de combustíveis e de veículos do campo e rodoviários, “Isso pode obrigar a Petrobras, muito por pressão dos acionistas, a subir o preço vendido das refinarias”, completa.
Como o conflito afeta o setor no Rio de Janeiro
O preço no campo deverá ser refletido pelo conflito entre Israel e o Hamas, grupo terrorista que governa parte do Estado Palestino. Segundo o Infomoney, o agronegócio brasileiro aumentou em 188% as suas importações de fertilizantes do país judeu após o agravamento de outro conflito: Ucrânia e Rússia.
Com o desdobramento do conflito no Oriente Médio, a indefinição da guerra entre ucranianos e russos e as mudanças climáticas agressivas, o impacto direto do dólar certamente vai mexer no preço nas gôndolas. “O varejo brasileiro precisará observar a escalada desse conflito, porque alguns itens que chegam ao consumidor usam do Canal de Suez e precisarão redirecionar a sua rota, gerando mais custo de frete, seguros e preço“, afirmou Ulysses Reis.
Para o professor Kanter, esse impacto virá muito pelo preço do petróleo, produto essencial na cadeia de abastecimento. “Caso o conflito siga desestabilizando o preço do petróleo ele influenciará rapidamente no preço final, até porque vai mexer na questão da logística, do combustível, do frete”, disse.
De acordo com Kanter, a instabilidade dos preços do petróleo vai exigir paciência pela resolução do conflito: “é necessário que o setor veja com uma outra visão esses acontecimentos, e passe a desenvolver um bom sistema de categoria, priorizando a compra dos produtos essenciais e redirecionando a sua prioridade no estoque para esses alimentos”.
Ainda assim, o cenário de conflito no Oriente Médio, desperta a expectativa no entorno do desfecho positivo da situação, “acho que o bom senso deve, no fim, prevalecer. Afinal, a guerra só é boa para quem vende armas”, completa.
Conflito Israel-Palestina
Iniciado após um ataque terrorismo perpetrado pelo grupo Hamas e que vitimou mais de 1000 israelenses na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, a escalada do conflito aumentou com o passar dos meses e as respostas feitas pela milícia palestina.
Em 1º de abril, o episódio mais grave até então, em que Israel atacou o consulado iraniano na Síria e matou o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Mohammed Reza Zahedi. A resposta veio em 13 de abril, com um ataque em massa de mais de 300 drones e mísseis direcionados ao território israelense.
Na noite de quinta-feira (18), Israel aumentou a aposta no conflito com os iranianos e realizou um ataque, na mesma moeda, direcionado ao país árabe. Até o momento dessa nota, o governo do Irã reconheceu ao menos três explosões, mas não divulgou número de mortos ou feridos.