Dólar encerra outubro no maior patamar em três anos; veja como impacta o setor supermercadista

Dólar avança com valorização de 6,13%. Hoje a moeda está sendo negociada a R$ 5,85

A indefinição em relação ao pacote do governo de corte de gastos continua a pesar sobre o mercado brasileiro. No mês de outubro, a moeda norte-americana registrou a maior cotação ante o real desde março de 2021.

Hoje (1/11), na abertura do mercado, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,85 seguindo com tendência de alta.

Analistas revelam que o desempenho ruim do real em outubro e já neste início de novembro reflete tanto a perspectiva de cortes menos agressivos de juros nos EUA, cuja atividade segue “demonstrando resiliência”, quanto incertezas fiscais domésticas. A desaceleração econômica da China e os conflitos no Oriente Médio também contribuíram para o aumento do dólar.

A valorização da moeda americana não apenas afeta a economia de maneira geral, mas também reflete diretamente no preço de itens básicos no supermercado, impactando o dia a dia das famílias brasileiras. Este cenário de alta pode se prolongar e, por isso, é fundamental entender quais produtos são mais suscetíveis a essa variação cambial e por que isso ocorre.

O consultor econômico da ASSERJ, William Figueiredo, ressalta que a alta do dólar impacta diretamente os preços de alimentos e bebidas vendidos nos supermercados. “Uma significativa parcela dos alimentos e bebidas vendidos em supermercados são importados, desde produtos básicos como arroz, cebola, maçã, especiarias e peixes, até industrializados, como azeite, queijos, massas e molhos”, afirma.

Além disso, a indústria alimentícia consome uma série de insumos importados em seu processo produtivo, como trigo, cevada, leite em pó, essências, entre outros, explica o especialista. Por outro lado, sinaliza, a moeda desvalorizada é um incentivo às exportações, reduzindo a oferta interna de commodities e industrializados.

Os produtos mais afetados com a alta do dólar incluem carnes, pão, leite e café. A carne, por exemplo, já vem sofrendo aumentos constantes nos últimos anos, e agora intensificou a elevação. A ração animal, que contém ingredientes como soja e milho, também é comprada em dólar, o que aumenta o custo de produção de carnes e laticínios.

Dessa forma, aumenta a importância da negociação com fornecedores para tentar obter o melhor preço. No caso de aumento de preços, a recomendação da ASSERJ para os consumidores é substituir os alimentos por outras fontes de proteína como frango, ovos ou até mesmo proteínas vegetais, que tendem a ser mais acessíveis. Além disso, substituir produtos importados por similares nacionais ou menos processados é outra estratégia.

Por Publicado em: 1 de novembro de 20240 Comentários