Clean Up Day coletou lixo das praias do Rio e de Niterói

Mutirão de limpeza contou com voluntários e agentes socioambientais

O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, o Clean Up Day, foi celebrado no último sábado com um mutirão de limpeza promovido pelo Projeto de Olho no Lixo, uma iniciativa da ASSERJ com a Secretaria estadual de Ambiente (SEA) e o Viva Rio Socioambiental. O evento percorreu as praias do Rio de Janeiro e de Niterói para retirar lixo das águas, areias e informar os banhistas sobre os prejuízos causados pelo descarte incorreto de resíduos no meio ambiente

– Espero que a gente possa através da ação de vocês mudar o comportamento da população. Enquanto o Rio de Janeiro tiver, conforme aponta os dados da Comlurb, 30% do lixo coletado no chão, a gente tem que ter vergonha e buscar a mudança que só virá através de ações como essa que promovem a educação e interação com o público – destacou o secretário estadual de meio ambiente André Corrêa.

Além da atuação de voluntários e agentes socioambientais em São Conrado, Copacabana e em Itaipu, a iniciativa também aconteceu no Leblon, Ipanema, Urca, Praia Vermelha, Joatinga, Barra, Recreio, Sepetiba, Prainha, Macumba, além das praias das ilhas do Governador e Paquetá.

Em São Conrado, os frequentadores da praia puderam aprender técnicas de construção de instrumentos musicais sustentáveis e confecção de roupas, feitos a partir do lixo coletado na comunidade da Rocinha, através das oficinas oferecidas, e assistir apresentações musicais do Grupo Chegando de Surpresa, da Comlurb, e do DJ Fábio ACM, que tocou com vinis que haviam sido descartados.  Uma mostra fotográfica de Rodrigo Anis também chamou a atenção para o trabalho de limpeza realizado nos canais e vielas da Rocinha pelo Projeto De Olho no Lixo.

Durante todo o evento, a Associação de Surf da Rocinha promoveu oficinas de surf gratuita aos frequentadores da praia. A Associação também recebeu doações de pranchas e equipamentos para serem reaproveitados em suas aulas.

O encerramento das atividades foi realizado em um quiosque na orla de Copacabana, Zona Sul, com uma apresentação musical especial da banda de alunos e professores do Projeto Funk Verde. Os percussionistas do projeto agitaram o calçadão de Copacabana com um repertório inédito de músicas tocadas por instrumentos feitos a partir do reaproveitamento do lixo coletado na Rocinha.

– O grande resultado positivo dessa ação foi a agregação, as parcerias que chegaram, as pessoas que socializaram e entenderam o movimento recolhendo os resíduos espalhados pela praia. Todos entenderam a letra da música e passaram a cantar, um recado que passamos como um mantra. A gente faz a arte-educação através da música para que as pessoas entendam, “jogue lixo no lixo e tenha responsabilidade por aquilo que você gera”. Foi um evento muito legal, “vamos tirar o lixo do lixo” – disse a coordenadora do Projeto Funk Verde, da SEA, Regina Café.

Enquanto isso, em Niterói, agentes ambientais do Reserva Extrativista de Itaipu (Resex) e do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), administrados pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), atuaram no mutirão de coleta de lixo organizado pela Prefeitura de Niterói na praia de Itaipu, Região Oceânica.

Além da limpeza da faixa de areia, mergulhadores do Inea, da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), da Polícia Civil, e voluntários das escolas de mergulho Netuno Diving e Pro Divers fizeram uma “pesca submarina de resíduos”, com o apoio de embarcações da Resex e da 7ª Unidade de Polícia Ambiental (UPAm) Marítimo e Fluvial.  Policiais ambientais da 6ª UPAm, escoteiros mirins, bombeiros do 4º Grupamento Marítimo e mais de 50 voluntários apoiaram a ação que removeu meia tonelada de resíduos das águas e areias da Praia de Itaipu.

– O objetivo desta ação foi promover a educação ambiental ligada à limpeza das praias, mostrando o lixo que fica escondido no fundo do mar e que causa problemas à fauna marinha, que muitas vezes morre sufocada por plásticos, guimba de cigarros e outros objetos lançados no mar.  Quando os frequentadores da praia enxergam os danos que esses resíduos ocasionam, eles acabam se sensibilizando – ressaltou o gestor da Resex Marinha, Carlos Henrique Martins.

Na restinga próxima à Laguna de Itaipu, funcionários da Superintendência Regional da Baía de Guanabara (SUPBG), do Inea, junto com voluntários também realizaram uma coleta do lixo depositado nas margens do canal que faz a ligação da laguna com as águas da Praia de Itaipu.

PROJETO DE OLHO NO LIXO

O projeto “De Olho no Lixo: transformando resíduo em arte, cultura e educação”, desde fevereiro de 2016, desenvolve um trabalho de manejo correto dos resíduos sólidos na favela da Rocinha visando a minimizar o impacto negativo provocado pelo lixo. O projeto executado pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) em parceria com o Viva Rio Socioambiental é apoiado pela Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).

Desde março de 2016 já foram removidas 218 toneladas de resíduos de pontos estratégicos da comunidade.

O projeto atua em dois eixos, o operacional, no qual 30 agentes, dois fiscais e dois supervisores socioambientais, todos moradores da Rocinha, atuam diretamente na coleta de lixo. A outra base é a educação ambiental, cultura e comunicação, que pretende evitar a continuidade de lançamento dos resíduos pelos moradores e transformar o lixo em arte e renda. Com isso, o projeto conta com dois cursos oferecidos gratuitamente na comunidade: o Funk Verde, coordenado pela multi-instrumentista Regina Café, que realiza oficinas teóricas e práticas de percussão reutilizando materiais retirados do lixo da comunidade para a fabricação de instrumentos musicais; e o Eco Moda, coordenado pelo estilista Almir França, que promove oficinas de moda com o reaproveitamento de resíduos para confecção de novas peças de vestuário e acessórios.

Com 30 meses de duração, o projeto tem o objetivo de diminuir a quantidade e minimizar o impacto do resíduo na Rocinha e bairros vizinhos, ao transformar aspectos negativos em oportunidades e melhorias para a comunidade, promover a geração de renda local e a cidadania ecológica, a partir de tecnologias sociais e projetos sustentáveis e do desenvolvimento de ações integradas de mobilização, comunicação, educação, arte e cultura socioambientais.

 

 

 

Por Publicado em: 20 de setembro de 20160 Comentários