Crise na Argentina: Saiba como ela impacta o mercado varejista e os supermercados

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Empresas do varejo brasileiro acompanham os desdobramentos da dura crise na Argentina após as presidenciais de 2023.

O novo governo argentino liderado pelo ultra-liberal, Javier Milei, enfrentou ontem, 24, a sua primeira greve geral, convocada pela Central Geral de Trabalhadores, ligada ao tradicional peronismo argentino, em uma mobilização que criticou abertamente as bruscas mudanças econômicas propostas pelo presidente.

Segundo os organizadores da manifestação, cerca de 1,5 milhão de pessoas em todo o país participaram dos protestos, sendo 350 mil apenas na capital Buenos Aires. Segundo o governo, apenas 40 mil trabalhadores participaram da passeata.

Milei e setores estratégicos da Argentina vivem em pé de guerra por discordâncias na condução econômica, principalmente, nos direitos dos trabalhadores e no fim dos subsídios pagos pelo governo federal para manter empregos no varejo argentino e na indústria.

A situação reflete diretamente o mercado brasileiro. A Argentina é o quarto mercado mais consumidor do Brasil, em especial dos setores do varejo e alimentos. Com o fim dos subsídios, e do aumento recorde da inflação, os ‘hermanos’ devem negociar suas compras ou procurar mercados alternativos.

A balança comercial entre Brasil e Argentina movimentou cerca de US$ 22 bilhões em 2023, cerca de R$ 108 bilhões, de acordo com a cotação atual. Entre os produtos mais comercializados estão carros e outros itens da indústria automotiva, minério de ferro e grãos. E é comum que grandes multinacionais usem as praças dos dois países para exportar no restante da América Latina.

Idean Alves, chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, aponta para o risco da diminuição na parceria com os ‘hermanos’. “Entre os efeitos negativos imediatos, temos a menor intensidade comercial entre Brasil e Argentina, sendo este um dos principais parceiros comerciais do Brasil na América do Sul”, afirma.

Preços nas gôndolas é um mistério

Segundo o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o preço da balança comercial brasileira vai sofrer alterações consideráveis em 2024 devido as mudanças nas economias dos Estados Unidos, União Europeia, China e Argentina, os principais parceiros comerciais do Brasil.

Segundo o Icomex, a saída do país, momentâneamente, do Mercosul, representa que produtos importados da Argentina e que estão presentes nas gôndulas dos supermercados poderão voltar a ser tarifados, e com isso, terem seus preços disparados.

O preço da carne bovina, suína e o azeite, além dos tradicionais vinhos, principais produtos alimentícios importados dos ‘hermanos’ sofrerão alterações nos próximos meses. O Governo Federal, ainda aguarda o posicionamento final do ministro da Fazenda da Argentina, Luiz Caputo, sobre a decisão de interromper acordos comerciais com o Mercosul.

O presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, Asserj, Fábio Queiroz, afirma que a expectativa é que o varejo consiga segurar os preços nas gôndolas. “Mesmo com a indefinição dos próximos dias na economia da Argentina, acho que os produtos que eles exportam para os mercados brasileiros podem ter um reajuste quase nulo, principalmente, se tivermos bons números do agronegócio brasileiro em 2024”, pontuou.

Por Publicado em: 25 de janeiro de 20240 Comentários