Consumo de café atingiu R$ 18 bilhões em 2023 no Brasil e estimula supermercados a investirem em marcas premium
Como os supermercados podem se preparar para a chegada de mais marcas premiuns de café e estreitar laços com o consumidor assíduo da bebida
O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, atrás apenas da água, e esse fato reflete ao redor do mundo. Segundo dados do IPC Maps, a venda de café movimentou mais de R$ 18,1 bilhões, em 2023, no país. Esse valor representa um crescimento de cerca de 4,3% em relação a 2022, enquanto as despesas com o grão chegaram a 17,4 bilhões.
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Destrinchando os números, São Paulo é o estado que mais gastou com café, cerca de quase R$ 5 bilhões em 2023. O top 3 é fechado por Minas Gerais (R$ 2 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 1,5 bilhões). O retrato final do relatório aponta para uma desigualdade regional entre o sudeste e o nordeste, sendo a primeira considerada a região de maior consumo e a segunda de menor.
Isso é perceptível nas gôndolas de supermercados. Segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), o preço médio dos cafés especiais registrou um aumento de 3,15%, em 2023. “Por ser um produto que possui um preço mais elevado, que é justificado por toda a qualidade envolvida, isso tem que estar de alguma forma demonstrado”, explicou Erlon Labatut, Mestre em Administração pela UTFPR e especialista em varejo.
Nos últimos três anos, a média do consumo da matéria prima aumentou em 107% e o café no varejo subiu 73%. A variação desse ‘sobe e desce’ no consumo dos tipos de café é um reflexo do valor da cesta básica, que sofreu queda no preço de produtos como leite, arroz, feijão e óleo de soja (-6,6%).
“É importante que o produto represente um valor agregado; as pessoas gostam de contar para seus amigos, mostrar pras suas visitas e criar todo um assunto sobre o tema”, completa Labatut, ao justificar que a ascensão de condição social foi um dos principais propulsores do consumo dos cafés especiais.
Supermercados podem oferecer algo além do café
Segundo dados da BSCA (Brazil Specialty Coffee Association), estima-se que entre 5 e 10% de todo o consumo do café, no Brasil, seja oriundo de marcas especiais, os chamados cafés premiuns, que conquistam espaços nas gôndolas dos supermercados. A grande expectativa do consumidor foi trazida pelas próprias gigantes do café tradicional no Brasil, que apostaram alto na gourmetização de seus rótulos e lançaram produtos de qualidade mais refinada a um preço mais elevado.
Para Vinicius Estrela, diretor da BSCA, “Esses cafés são mais valorizados pelo mercado, com os compradores pagando preços condizentes à qualidade, à origem controlada e à sustentabilidade que esse produto entrega”, ao explicar o preço acima dos tradicionais 100% arábicos, vendidos em suas formas convencionais e extraforte.
Uma das gigantes do setor no Brasil, JDE, compartilha da visão de trazer ao mercado linhas gourmet ao lado dos rótulos clássicos, “A premiunização da categoria de cafés é uma tendência que vem impulsionando a diversificação de produtos no mercado e aprimorando a experiência dos consumidores de café. Além do lançamento da edição limitada de L’OR Cápsulas Origens, que acontecerá em julho, estamos trazendo novidades em outras categorias da marca no Rio de Janeiro e demais regiões do país”, afirmou Tina Cação, diretora de Vendas da JDE Brasil.
A tônica dessa mudança já é abraçada pelos supermercadistas. Em abril, o Supermercados Mundial desenvolveu para o seu Espaço Gourmet, um masterclass completo sobre o preparo do café com a parceira L’OR, marca francesa que pede espaço nas gôndolas e traz novidades para o inverno brasileiro.
A dinâmica feita durante as aulas do masterclass é uma das enormes variedades que os supermercadistas podem adotar em suas lojas para incrementar a experiência do cliente e, consequentemente, as vendas. “O masterclass visa ampliar a relação do consumidor com marca. Por meio de parcerias com a Indústria, promovemos aulas com receitas, dicas e interação para clientes do programa Meu Mundial nos espaços gourmet de nossas lojas”. afirmou Priscila Corrêa, gerente de contas da Artplan, agência de comunicação do Mundial.
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Segundo Erlon Labatut, os supermercados podem ‘preparar’ o consumidor e incentivá-lo a comprar marcas premiuns realizando ações de trade, “o mercado pode colocar uma testeira, uma gôndola mostrando essa sessão, usar uma iluminação diferente. Dessa forma o cliente vai perceber que ali tem um artigo de luxo, com maior valor agregado”, afirmou.
Vai um cafezinho aí?