Confiança do consumidor diminui. Como ficam os supermercados?
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE caiu 5,1 pontos em janeiro, para 86,2 pontos, menor nível desde fevereiro de 2023 (85,7 pts.). Em médias móveis trimestrais, o índice recuou em 2,2 pontos, para 90,6 pontos.
Essa percepção pode afetar diretamente as sondagens de comércio, indústria e serviços. Porém, o supermercado, por vender bens de primeira necessidade, é o último que o consumidor cortará, conforme avalia William Figueiredo, consultor econômico da ASSERJ.
“O consumidor vai cortar antes serviços, lazer, turismo, bem móveis, eletrodomésticos e carros”, lista ele.
Em nota publicada no site da instituição, a economisda do FGV IBRE Anna Carolina Gouveia explica que a queda da confiança do consumidor foi impulsionada pela deterioração tanto das perspectivas futuras quanto das condições atuais pelo segundo mês consecutivo, levando o indicador de volta à faixa dos 80 pontos e evidenciando um maior pessimismo entre os consumidores neste início de ano.
“O indicador de situação financeira futura das famílias reforça essa percepção, apontando uma piora na visão do consumidor sobre suas finanças. O resultado é disseminado entre as faixas de renda e possivelmente aliado a focos de pressão inflacionária, além da continuidade do aumento da taxa de juros que encarece dívidas e dificulta a compra de bens de maior valor”, afirma a especialista na nota.
Entre os quesitos que compõem o ICC, o que mede a situação financeira futura da família foi o que apresentou a maior contribuição na queda da confiança no atual mês ao recuar 6,7 pontos, para 92,5 pontos, atingindo o menor nível desde agosto de 2022 (90,0 pts.). A queda também foi observada nos indicadores que medem as perspectivas para situação econômica local futura e para compras previstas de bens duráveis, que caíram 4,6 e 5,9 pontos, para 98,3 e 85,1 pontos, respectivamente.
Os indicadores que avaliam o momento atual também recuaram. O que mede que a percepção sobre a economia local recuou 2,5 pontos, para 89,5 pontos, enquanto aquele que mede a percepção sobre as finanças pessoais das famílias recuou 4,1 pontos, para 69,7 pontos.
A queda da confiança ocorreu também em todas as faixas de renda, sendo mais acentuada entre os consumidores com renda entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00. Todas as faixas se mostram pessimistas em relação à avaliação sobre o momento atual e às perspectivas nos próximos meses, com a confiança das famílias das faixas de renda de R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 e acima de R$ 9.600,01 atingirem menor nível desde julho de 2022 (83,7 e 85,7 pts., respectivamente).
Com esse cenário, fica uma atenção a mais para os supermercadistas. Por mais que o setor seja o último afetado na cadeia, estar preparado para uma ágil e antecipada adaptação às possíveis mudanças de comportamento do consumidor é fundamental.