Com dívida bilionária, Casino traça estratégia que inclui saída do Assaí e plano de vender ações do GPA

Uma nova decisão do Grupo Casino voltou a movimentar o setor supermercadista no Brasil. Depois de anunciar sua saída do Assaí na semana passada, a empresa francesa informou que pretende vender seus ativos do GPA. O plano de venda inclui também o Grupo Éxito, que atua na Colômbia, no Uruguai e na Argentina.

As informações constam no plano estratégico do Casino, que foi divulgado na França. No material, a empresa explica que os principais objetivos do grupo são “fortalecer a liquidez”, através do levantamento de pelo menos 900 milhões de euros (cerca de R$ 4,7 bilhões), e “alcançar uma estrutura de capital sustentável”.

Em um informe direcionado para seus acionistas e para o mercado, o GPA declarou que foi comunicado pelo Casino sobre sua intenção de vender os ativos, mas sem detalhes sobre a possível operação. “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que nesta data não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”, diz o posicionamento recebido pelo GPA do Casino.

Com uma dívida de 6,4 bilhões de euros (cerca de R$ 33 bilhões) com credores e de 3 bilhões de euros (cerca de R$ 15,8 bilhões) com a empresa Rallye, o Casino é dono de 40,9% das ações do GPA, que tem 735 lojas. Na última sexta-feira (23), o grupo francês anunciou a venda da sua participação, de 11,67%, na rede de atacarejo Assaí. Segundo o plano estratégico do Casino, a negociação rendeu 326 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão). Em março, a empresa já havia vendido 18,8% do capital do Assaí por 723 milhões de euros (cerca de R$ 3,8 bilhões).

Nos últimos 12 meses, o Assaí inaugurou 59 lojas e, atualmente, tem 270 unidades em operação.  Nos três primeiros meses do ano, a rede de atacarejo lucrou R$ 72 milhões, 66,4% a menos, na comparação com o mesmo período de 2022.

Sócio da Future Tank, que presta consultoria à Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), Frederico Xavier explica que as decisões tomadas pelo Casino são uma movimentação natural por conta das dívidas que o grupo francês acumula. “Desfazer-se de ativos faz parte do processo de reforço da liquidez e melhoria da estrutura de capital do Grupo Casino para execução da sua estratégia de futuro”, afirma.

Frederico acredita que, a princípio, não haverá impacto no planejamento de expansão do GPA. “Cabe monitorarmos se, de fato, essa saída acontecer, quem será o novo controlador e qual sua influência na gestão e no futuro da companhia”, conclui.

Por Publicado em: 30 de junho de 20230 Comentários