Aumento no consumo do medicamento Ozempic pode ser um problema para a indústria de alimentos

Com o aumento da popularidade do Ozempic, remédio para inibição do apetite e perda de peso, a indústria de alimentos e os comerciantes precisam ficar atentos. O medicamento pode provocar um impacto negativo nos negócios. Nos Estados Unidos, 1,7% da população norte-americana recebeu prescrição do medicamento em 2023, o que representa um aumento de 40 vezes nos últimos cinco anos. Uma possível ameaça à  indústria alimentar.

Segundo o CEO do Walmart, John Furner, as pessoas que usam Ozempic estão comprando menos comida nos supermercados da rede. Na semana passada, ações de algumas empresas de alimentos caíram: 5% na PepsiCo e 7% na Mondelez. De acordo com o diretor executivo da PepsiCo, Ramon Lagarta, até o momento, o impacto é insignificante no negócio.

Analistas do banco de investimentos Barclay´s também apontam que o Ozempic pode prejudicar a demanda por empresas de fast food e cigarros. Isso porque o medicamento que é usado para o tratamento de diabetes também reduz o desejo por substâncias viciantes. Recentemente, o banco britânico estimou que o uso generalizado de medicamentos contra a obesidade poderia levar a uma redução do volume de vendas de até 1,2% para as empresas de alimentos. De acordo com Emily Field, analista do Barclays, os clínicos indicaram que o medicamento transforma a relação das pessoas com a comida, muito mais do que com os exercícios.

As empresas onde há grande variedade de snacks podem ser as mais prejudicadas. Por isso, a pressão sobre elas para que reformulem seus portfólios e se concentrem em produtos mais saudáveis aumenta a cada dia. Nos últimos anos, empresas como a Unilever e a Nestlé foram pressionadas pelos investidores a se readequarem com metas mais ambiciosas para as vendas de alimentos saudáveis.

Ainda não existem estudos significativos que demonstrem se tais medicamentos alteram ou não o apetite das pessoas por alimentos específicos. Mas sabe-se que os pacientes que fazem uso do remédio optam por uma alimentação com redução no consumo de açúcar e gordura, como pães, biscoitos, bebidas açucaradas e álcool.

Segundo um estudo recente do Morgan Stanley, até 2035 aproximadamente 24 milhões de pessoas, o equivalente a 7% da população dos Estados Unidos,  devem usar o medicamento para emagrecer, o que provavelmente acarretará uma redução diária na ingestão de calorias em 20% a 30%.

No Brasil, a busca pelo remédio vem aumentando, de acordo com a plataforma Consulta Remédios (CR). Após a promessa de emagrecimento muitas farmácias já registraram falta do medicamento. No primeiro semestre de 2023, se comparado com o último semestre de 2022, as buscas chegaram a apresentar um crescimento de 91%.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, acaba de se tornar a empresa mais valiosa da Europa superando a dona da Louis Vuitton, grupo de bens de luxo de Bernard Arnault. As ações da farmacêutica dinamarquesa subiram 40% este ano, impulsionadas por uma explosão na procura dos seus medicamentos Wegovy e Ozempic. A farmacêutica valorizou em cerca de R$ 590 bilhões na Bolsa apenas este ano. O fato se deu por conta do Ozempic, mas também pelo lançamento do Wegovy, que possui o mesmo princípio ativo e é prescrito especificamente para redução de peso.

Por Publicado em: 18 de outubro de 20230 Comentários