Inflação no Brasil começa a reduzir. Confira a análise atualizada do setor supermercadista

O IPCA, índice de inflação oficial no Brasil medido pelo IBGE, desacelerou em março (+0,71%), ante fevereiro (+0,84%). A desaceleração foi verificada em sete dos nove grupos pesquisados, o que pode ser o primeiro sinal de que a inflação no Brasil começa a ceder, como efeito da elevada taxa de juros, aumento do desemprego e baixo crescimento econômico. Destaque para os grupos:

  • Educação (+0,1% em março ante +6,3% em fevereiro)
  • Comunicação (+0,5% ante +1,0%)
  • Artigos de residência (-0,3% ante +0,1%)

Este último observou deflação no mês por conta da queda de preços nas linhas branca e marrom de equipamentos domésticos. A inflação de março também ficou abaixo da verificada no mesmo mês do ano passado (+1,62%).

O setor de supermercados contribuiu sobremaneira para redução da inflação no Brasil no último mês. O subgrupo Alimentação em domicílio observou deflação (-0,14%), ou seja, queda nos preços de alimentos e bebidas. Produtos de limpeza, por sua vez, mantiveram preços estáveis, enquanto artigos de higiene pessoal observaram alta (+0,7%) em linha com a inflação geral.

Em março, a inflação no Brasil acelerou apenas no grupo transportes (+2,1%), puxado pelos reajustes na gasolina e no etanol, e vestuário (+0,3%), pelo aumento de preços de calçados e agasalhos. Além de Transportes, sustentaram a inflação no mês, os grupos de saúde (+0,8%) e habitação (+0,6%), puxados pelos reajustes nos preços dos planos de saúde e da energia elétrica, respectivamente.

Independente do movimento de aceleração, estabilidade ou desaceleração, cabe registrar que oito dos nove grupos pesquisados pelo IPCA registraram alta de preços em março, o que representa um cenário de inflação disseminada pela economia brasileira.

No BrasilNo Rio de Janeiro
Março de 2023+0,71%+0,64%
Fevereiro de 2023:+0,84%+0,65
Variação do IPCA

Cenário do Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o resultado não foi diferente: desaceleração da inflação geral em março (+0,64%), ante fevereiro (+0,65%). E, como na média brasileira, menor esse ano que no mesmo mês do ano passado (+1,67%).

Assim como no Brasil, o setor de supermercados fluminense também contribuiu para redução da inflação no mês de março. O subgrupo alimentação no domicílio registrou estabilidade de preços (+0,0%), enquanto produtos de limpeza verificou deflação (-1,5%) e artigos de higiene pessoal inflação (+0,7%) no mesmo patamar nacional.

Sustentaram a inflação fluminense em março os grupos transportes (+1,4%), diante do aumento das tarifas de trem e ônibus interestadual na região metropolitana, e habitação (+0,8%), pelos reajustes aplicados pelas concessionárias de energia elétrica.

No primeiro trimestre, a inflação acumulada no Rio de Janeiro (+1,7%) ficou abaixo da média nacional (+2,1%). Ambos os indicadores inferiores aos observados no início de 2022 (+3,6% no Rio de Janeiro e +3,2% no Brasil). Sinal de que teremos mais um ano de inflação elevada, porém em menor patamar que 2022. Um alívio para o bolso dos consumidores.

Nesse início de ano, os produtos vendidos nos supermercados fluminenses observaram dinâmicas distintas de preços por subgrupo: estabilidade em alimentos e bebidas (+0,1%), queda em produtos de limpeza (-0,8%), e alta em artigos de higiene Pessoal (+2,7%). A estabilidade em alimentos e bebidas adveio do balanço entre produtos com alta de preços, como hortaliças (+24%), frutas (+11%) e cereais (+6,2%), e outros com queda, como aves e ovos (-4,8%), carnes (-4,5%), óleos (-4,1%) e legumes (-4,0%). Por sua vez, todos os produtos de limpeza pesquisados no Rio de Janeiro apresentaram queda de preços, à exceção do sabão em pó (+0,7%). Por outro lado, a inflação está disseminada pelos artigos de higiene pessoal, que acumularam alta acima de 1% no ano, à exceção de produtos para cabelo (+0,5%).

Por fim, cabe destacar que a inflação geral no Brasil em março veio abaixo das expectativas, o que deve provocar uma revisão para baixo das projeções de inflação. A atual aposta do mercado financeiro é que o IPCA Brasil encerre 2023 (+5,98%) novamente acima da meta do Banco Central (+3,25%) e do teto de tolerância (+4,75%).

Previsão de inflação acima da meta implica em perspectiva de taxa de juros elevados por mais tempo, onerando assim a produção, os investimentos e, por conseguinte, a geração de emprego e renda no país. A expectativa atual é que a taxa de juros básica, a SELIC, encerre 2023 (+12,75%) novamente na casa de dois dígitos, assim como em 2022 (+13,75%). Nesse cenário, cortes na SELIC só devem ocorrer a partir do 4º trimestre.

Por Publicado em: 11 de abril de 20230 Comentários