Valorização do real: qual o impacto para o setor supermercadista?

A recente valorização do real frente ao dólar tem gerado impactos relevantes para o setor supermercadista. Em 2025, o real foi a moeda que mais se valorizou frente ao dólar no mundo — um movimento que, além de influenciar os preços dos produtos, também abre oportunidades de renegociação e ganho de margem para o varejo supermercadista.

De acordo com o consultor econômico da ASSERJ, William Figueiredo, o dólar mais baixo impacta diretamente uma parcela significativa dos produtos comercializados nos supermercados. “Muitos dos itens vendidos nos supermercados têm origem importada ou dependem de insumos do exterior — desde produtos como maçã, especiarias e peixes até itens industrializados como azeite, queijos, massas e molhos. Além disso, a indústria alimentícia utiliza insumos estrangeiros, como trigo, cevada, leite em pó e essências. Com o dólar em queda, há uma tendência de redução de custos nesses segmentos”, explica.

Além de suavizar a pressão sobre os preços, o novo cenário cambial permite que os supermercados revejam suas estratégias de pricing para equilibrar margens sem perder competitividade. “A valorização do real pode ser um fator favorável à reavaliação de preços. Isso não significa necessariamente baixar os valores nas gôndolas, mas pode permitir preservar ou até melhorar margens em um momento de recuperação da economia”, analisa Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ.

Outro ponto destacado por Fábio são as oportunidades de renegociação com fornecedores e a busca por alternativas locais, especialmente em um cenário que ainda apresenta incertezas. “Esse é um bom momento para renegociar contratos e diversificar o leque de fornecedores”, pontua Queiróz.

Para o médio e longo prazo, a recomendação é que o setor se mantenha atento aos movimentos macroeconômicos. Dependendo da composição do mix de produtos, estratégias de proteção como o hedge cambial podem ser necessárias.

“Se o peso dos importados for alto, é essencial que o varejista pense em proteção cambial e siga acompanhando os desdobramentos econômicos, tanto no Brasil quanto no exterior. Mudanças estruturais, como melhorias logísticas e contratos mais inteligentes, também fortalecem a resiliência do setor”, afirma William Figueiredo.

Questionado sobre a possibilidade de estabilidade do câmbio, William avalia que o comportamento do dólar seguirá sensível a variáveis políticas e fiscais. “A valorização do real está atrelada à sinalização de responsabilidade fiscal. A aprovação de medidas de ajuste no Congresso pode conter pressões sobre o câmbio. O cenário político e econômico, no Brasil e no exterior, seguirá determinante para os rumos da moeda brasileira”, conclui.

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