Por que o Princesa é exemplo na prevenção de perdas?

Especialista em Prevenção de Perdas e Riscos do Princesa, André William Lodrão
‘Inibindo o furto, consigo minimizar minhas perdas’

A loja Princesa do Cosme Velho, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, conquistou, em 2024, a 5ª edição do Prêmio ABRAPPE (Associação Brasileira de Prevenção de Perdas), considerado o “Oscar” da Prevenção de Perdas no Brasil. A premiação foi na categoria “Melhor Case Supermercado Outros Estados”.

Com mais de 30 anos de experiência em Prevenção de Perdas e Riscos, André William Lodrão, responsável pela área em 25 lojas do grupo Princesa, revela os resultados obtidos. Há 14 anos no Princesa, ele implementou conceitos testados em redes como Redeconomia e Carrefour. Segundo Lodrão, o diferencial está na sinergia entre os setores de Operações, Comercial e Prevenção de Perdas.

Além de reduzir perdas, a iniciativa também aumentou as vendas. O modelo implantado no Cosme Velho agora é referência e está sendo replicado em outras unidades como Rio das Ostras, Barra de São João, Fonseca, Icaraí e Maricá.

O segredo do sucesso

Entre as práticas que garantiram os resultados, Lodrão destaca:

  • Recebimento monitorado por CFTV
  • Conferência de 100% das cargas
  • Armazenamento seguro (Gaiola de PAR) para produtos de alto risco
  • Chave de acesso com o gerente
  • Lixeiras trancadas para evitar desvios
  • Controle de papelão, que é devolvido à matriz ou vendido para gerar receita adicional
  • Monitoramento por KPIs (indicadores-chave de desempenho)

Essas medidas permitem prevenir rupturas de produtos e perdas relacionadas a furtos, quebras e erros operacionais.

Redução nas categorias mais críticas

Os setores de maior vulnerabilidade – FLV (Frutas, Legumes e Verduras), açougue e padaria – receberam atenção especial. Procedimentos rigorosos reduziram a perda no FLV para entre 3,50% e 3,80%, ele indica. Na média geral, a perda no Mercado Convencional é de 2,31% e eles alcançaram o percentual de 1,38% a 1,50%.

“Contratamos uma agrônoma para acompanhar a qualidade na Benassi, nosso fornecedor. Lá já é feito um filtro. Quando chega à loja, realizamos uma nova conferência entre o líder da loja e o chefe do setor. Produtos sem qualidade são devolvidos”, explica Lodrão.

Essa prática contribuiu para reduzir 80% das perdas da empresa.

Impacto do case vencedor

O grande diferencial do case foi atingir um índice de perda de apenas 1,38% a 1,50%, enquanto as vendas aumentaram 1,80%. Segundo Lodrão, esses resultados mostram a eficácia de integrar prevenção de perdas a uma gestão estruturada:

“Se não houver sinergia entre comercial, operações e prevenção de perdas, nenhum resultado é possível. Todos precisam remar na mesma direção.”

O desafio do varejo brasileiro

A pesquisa Perdas no Varejo Brasileiro 2024, realizada pela ABRAPPE em parceria com a KPMG, aponta que o setor perdeu até R$34,9 bilhões em 2023. O índice médio de perdas subiu de 1,48% (2022) para 1,57% (2023).

Os principais motivos são quebras operacionais, furtos internos e externos e erros de inventário, representando 84% das perdas. Em supermercados convencionais, perecibilidade foi a principal causa, com 39,73% das quebras.

O presidente da ABRAPPE, Carlos Eduardo Santos, alerta que as perdas se intensificam em épocas comemorativas, como Natal e Réveillon. “A manipulação inadequada de produtos, apostas comerciais equivocadas e furtos aumentam significativamente nesses períodos.”

O caminho para prevenir prejuízos

Lodrão acredita que o sucesso está em adotar protocolos claros, investir em treinamento e usar tecnologia de maneira eficiente.

E você, supermercadista, está preparado para reduzir perdas no seu negócio?

Por Publicado em: 20 de dezembro de 20240 Comentários