Geração saúde: gôndolas de supermercados ficarão mais ‘verdes’
Perfil de consumidores tem mudado nos últimos anos e impulsionado o consumo de alimentos frescos ao invés dos ultraprocessados
Biscoitos, guloseimas e fast-food são alguns dos diversos produtos oferecidos nas gôndolas dos supermercados diariamente. A rotina corrida, o cansaço e, em muitas realidades, a condição financeira impõem aos clientes o consumo de produtos que passam por longos processos nas fábricas e a injeção de produtos nocivos à saúde e, também, à natureza.
Entretanto, uma iniciativa da Fundação Ellen MacArthur, destacou que a tônica dos supermercados poderá mudar essa realidade com o uso de políticas ESG (sigla em inglês para boas práticas de meio ambiente, sociedade e governança), em algo que resultaria em uma transformação de perfil dos produtos que o supermercado pode oferecer. Em 2024, o Grupo Carrefour aderiu como apoiador nesse projeto.
Segundo uma pesquisa publicada pela revista científica The BMJ, o consumo excessivo dos alimentos ultraprocessados pode acarretar em 32 complicações diferentes para a saúde humana. A publicação é uma análise feita em conjunto com outras revistas sobre esse tema.
Em países como Estados Unidos, Austrália, França e Irlanda, o debate sobre a alimentação e o que chega nas prateleiras dos supermercados, têm ganhado força política e mobilizado os governos. Ao todo, o estudo analisou a rotina alimentar de mais de 10 milhões de pessoas nesses países.
Os cientistas chegaram a conclusões bem assertivas sobre esse tema: a cultura do alimento ultraprocessado em excesso pode estar associada a um risco de 50% de mortes cardiovasculares, 53% de transtornos mentais comuns e 48% de ansiedade prevalente.
Dados sólidos também mostram um risco de 12% maior de diabetes tipo 2 a cada 10% de alimentos ultraprocessados na dieta. O consumo excessivo também está relacionado a 55% com a obesidade, 41% a problemas de sono e 20% a depressão.
Geração saúde
A mudança em algumas estratégias de venda dos supermercados tem apresentado novos perfis de consumidores. Marta Pereira, professora de educação física, é uma dessas consumidoras que procura produtos frescos para sua rotina, “A gente percebe muito cuidado com a higiene, com os alimentos, isso é muito bom para que nós possamos ter confiança para comprar esses produtos”, afirma.
Essas transformações podem acontecer, inclusive, na exposição das seções dentro do supermercado. Na filial do Supermarket Blue, na Barra da Tijuca, o hortifruti é ofertado bem na entrada do estabelecimento. Uma nova proposta de entregar ao consumidor opções frescas sem a necessidade de percorrer todo o mercado, proporcionando mais praticidade. “Queremos fazer com que o cliente fique confortável aqui”, explica o gerente Marcos André.
Atravessando o hortifruti, passando pelas gôndolas, o Supermarket expõe uma gama de produtos in natura, além de opções saudáveis como suplementos alimentares e barras de cereal. “Estou achando ótimo, eles apresentam produtos saudáveis e sempre colocam em promoção”, disse Lúcia Aparecida, professora de química aposentada.
Longe da Barra da Tijuca, o perfil de consumidores em busca de produtos saudáveis também existe. No Rede Economia, localizado em Madureira, coração do subúrbio carioca, Ricard Duarte, estudante de arquitetura, e um amante de esportes radicais é um consumidor ferrenho dos produtos oferecidos.
“São boas opções e a um preço aceitável para manter a dieta. Hora ou outra eles fazem promoções nesse setor, e tem muita variedade. Gosto de procurar preços de produtos naturais”, explica. Vale destacar que a oferta de produtos naturais, responsável por tirar os ultraprocessados dos carrinhos, tem crescido no subúrbio. “O melhor horário para essas compras é de manhã”, completa Richard.
Produtos sustentáveis nas gôndolas
O Grupo Carrefour tem atuado como um incentivador das marcas supermercadistas a entrarem no projeto da Fundação Ellen MacArthur, experimentando a forte tendência de oferecer produtos naturais e frescos aos consumidores, a gigante do varejo decidiu apostar em produtos envolvidos com ESG.
Com isso, as gôndolas do Carrefour, Atacadão e Sam’s Club, empresas que compõem o grupo, receberão produtos alimentícios de empresas ligadas a políticas de ESG, e isso não resultará em custos adicionais para o supermercado. A proposta pretende ser implementada no primeiro semestre de 2025.
O projeto é batizado de ‘Grande Redesenho Alimentar’ pela fundação, e busca encontrar outros parceiros além do Carrefour. Segundo a Ellen MacArthur, 15 países já adotaram em suas redes de varejo produtos alimentícios que “regeneram a natureza”.
O estudo da fundação é baseado no potencial da economia circular para impulsionar a indústria alimentícia voltada para a sustentabilidade. Cerca de 140 marcas de comidas e bebidas se inscreveram para participar, entre elas, as gigantes Nestlé e Danone.
Segundo uma pesquisa da Sodexo, cerca de 89% dos brasileiros consideram urgente a adoção de um alimentação sustentável. E isso passa diretamente em oferecer produtos frescos e saudáveis aos consumidores, assim como, em ter, cada vez mais, empresas que possuem políticas de ESG desde sua produção.