Entrevista exclusiva com Ricardo Boechat

Um dos maiores jornalistas do Brasil, Ricardo Boechat foi um dos palestrantes da 30ª Super Rio Expofood.
O apresentador do Jornal da Band fez indagações sobre quais serão as perspectivas políticas para o Brasil em 2018 para uma plateia composta por empresários e líderes do setor supermercadista.

Boechat afirma que a política está sendo mais discutida por todas as classes sociais, faixas etárias e regiões do Brasil. Para o jornalista em 2018 teremos uma eleição diferente de todas. Mais do que apresentar respostas e fórmulas, Boechat deixou reflexões no ar. Confira a entrevista exclusiva para a revista SUPER NEGÓCIOS.

SUPER NEGÓCIOS: Você acredita que o Brasil, e em especial, o Rio de Janeiro, está passando por um ponto de virada?

RICARDO BOECHAT: Estamos vivendo a sequência de um período grave no país, com uma crise muito séria que atingiu todos os setores. Ainda temos mais de 12 milhões de desempregados, no entanto, alguns indicadores apontam a tendência de uma certa melhora, e outros cronologicamente impõem momentos que serão decisivos, como a eleição.

SN: Você diz que a eleição de 2018 será inédita no Brasil, porque?

RICARDO BOECHAT: Temos uma população interessada na política como jamais esteve. Essa vigilância da opinião pública nos assuntos da política tende a produzir um resultado eleitoral diferente de todos que já tivemos. Independentemente de quem seja o eleito para a Presidência da República, ele governará um país diferente daquele que todos os seus antecessores governaram.

SN: O brasileiro está mais engajado com a política?

RICARDO BOECHAT: Sim, a população está muito diferente. Ela estabeleceu um código de prioridades que não está mais restrito aquela caricatura, até um pouco injusta, mas nem tanto, de que só nos interessávamos por futebol e carnaval. Hoje o cardápio de maior interesse da população começa pela política. Sem nenhum preconceito com futebol e carnaval, devemos gostar de ambos, mas a política hoje é o grande assunto em todas as faixas etárias, níveis sociais e regiões, todo mundo está conectado com esse tema.

SN: O Rio de Janeiro, como muitos preveem, será o último Estado a sair da crise. Você já visualiza essa retomada econômica?

RICARDO BOECHAT: O Rio tem uma consequência mais aguda da crise, além da que se abate sobre todo o país. Temos circunstâncias próprias para esse cenário. Seja no plano da qualidade da nossa gestão pública, notoriamente entregue a gestores que cometeram crimes pelos quais já estão pagando, e outros ainda vão pagar, seja pelo contexto social, urbano, que tem a violência como uma das faces mais problemáticas. Gosto de me fixar em expectativas que possam me tirar da inércia e do medo. É preciso olhar para frente, e é bom olharmos a memória do que tivemos lá atrás.

Pergunto aos cariocas e fluminenses se lembram do Rio de Janeiro há dois anos, na época da Olímpiada. De repente, o Rio se descobriu maravilhoso, como sempre foi. Viveu um momento mágico naquele período. Era a mesma cidade, o mesmo povo, os mesmos problemas. O que aconteceu? Um pequeno conjunto de esforços e de posturas produziu algo muito bacana. Em outras palavras, da mesma forma que o Rio se recente mais da crise, é também a cidade que tem, não só no Brasil, mas talvez no mundo, as melhores condições de reerguer-se rapidamente. Tenho muita esperança de que o estado fluminense vai encontrar a sua melhor vocação.

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Por Publicado em: 5 de julho de 20180 Comentários