Carne bovina quatro vezes mais cara? Venha entender isso!
Empresas apontam soluções para reduzir danos
Alimentos como carne bovina e queijo custariam quatro vezes mais se considerados fatores como o desmatamento, a perda de espécies à medida que as terras de cultivo tomam conta do habitat, o esgotamento das águas subterrâneas, os gases de efeito estufa de esterco e o uso de equipamentos agrícolas.
Segundo matéria do jornal americano The New York Times, por anos economistas vêm desenvolvendo um sistema de “contabilidade de custo real” com base nos prejuízos causados por diferentes tipos de agricultura. Ao exibir os chamados preços verdadeiros ao lado dos preços de varejo, eles esperam incentivar consumidores, empresas, agricultores e reguladores a levar em consideração o impacto ambiental dos alimentos. A ideia não é incentivar o aumento dos preços, mas criar maior conscientização.
O The New York Times consultou a True Price, um grupo holandês sem fins lucrativos que foi pioneiro na contabilidade de custos reais em parceria com as Nações Unidas e a Fundação Rockefeller. Esse grupo criou um conjunto de dados que compara os custos ambientais estimados de alimentos comuns produzidos nos Estados Unidos, divididos em três categorias: mudanças climáticas causadas por emissões de gases de efeito estufa, uso de água e efeitos ecossistêmicos do uso da terra, incluindo perda de biodiversidade.
A carne bovina tem os maiores custos ambientais entre os alimentos analisados, devido, entre outros fatores, à quantidade de terra necessária para cultivar ração para os animais. Um grupo sediado na Universidade de Oxford, que fornece dados sobre os efeitos ambientais dos alimentos, mostra que, em média, produzir uma libra de carne bovina na América do Norte ocupa duas vezes mais terra do que na Europa. Além disso, as vacas são ruminantes, e seus arrotos enviam grandes quantidades de metano para a atmosfera, o que contribui para o aquecimento global.
Alguns governos estão usando essa pesquisa para elaborar políticas que levem em conta os efeitos ambientais dos alimentos. Na outra ponta, empresas estão adotando programas para contribuir com o planeta.
A multinacional Minerva Foods, por exemplo, informa que desde 2021 adota uma série de medidas para combater o desmatamento ilegal e atingir emissões líquidas zero até 2035, além de reduzir em 30% a intensidade de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) direta e indireta até 2030. Para atingir esses objetivos, a empresa diz que está implementando e ampliando o monitoramento de fornecedores na América do Sul, e que avançou com 100% das fazendas diretas monitoradas no Brasil, Paraguai, Colômbia e Argentina. Afirma ainda que alcançou a totalidade no Uruguai, um ano antes do previsto.
A empresa também viabiliza o acesso gratuito a um aplicativo móvel, o SMGeo Prospec, desenvolvido em parceria com a Niceplanet Geotecnologia, que permite que parceiros pecuaristas monitorem sua própria cadeia de abastecimento. Além disso, atua no engajamento e capacitação de produtores para a adoção de práticas agropecuárias regenerativas, como a rotação de culturas e o manejo do solo, com o objetivo de cuidar do meio ambiente e, ao mesmo tempo, gerar oportunidades de incremento de renda com produtos certificados.
Consultada, a JBS também tem o objetivo de zerar o balanço de emissões de gases de efeito estufa até 2040. No ano passado, a empresa investiu US$ 150 milhões (R$ 895,5 milhões) em operações para reduzir as emissões de GEE, conforme consta em seu Relatório de Sustentabilidade 2023.
No documento, a JBS afirma que “devemos agir com urgência para limitar o aquecimento global e combater seus efeitos mais negativos.” E finaliza: “Como uma empresa global e diversificada de alimentos, temos a responsabilidade de alavancar nossa escala e influência para ajudar a liderar a transformação sustentável pelo exemplo e empoderar nossa cadeia de valor e parceiros para avançar coletivamente. Por meio de parcerias com governos, universidades, associações industriais e outros, estamos trabalhando para inovar e impactar um dos riscos de longo prazo mais urgentes enfrentados pela cadeia de suprimentos agrícolas e indústrias dependentes.”