Banco Central muda taxa de juros do Brasil; saiba como isso afeta o varejo
Decisão acontece em meio à queda no dólar e incerteza sobre cenário climático do campo brasileiro
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decidiu pelo aumento de 10,75% na taxa básica de juros, a Selic, após a reunião com representantes do conselho da autarquia federal. A justificativa pela alta dos juros foi a instabilidade do dólar e o impacto da seca no preço da energia e dos alimentos. A decisão cumpre com as expectativas lançadas pelo mercado sobre a reunião.
Ela também acontece semanas depois do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmar oficialmente a indicação do ex-número 2 do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a presidência do Banco Central. O economista já havia dado indicativos de que o Comitê avaliava uma alta nos juros após 13 meses de quedas e estabilidade.
O consultor econômico da ASSERJ, William Figueiredo, pontua que a alta nos juros é um reflexo dos últimos acontecimentos no Brasil, “é consequência direta das projeções da inflação em 2025 acima da meta, do aquecimento econômico, com a maior perspectiva de crescimento este ano e da queda contínua do desemprego”, explicou.
Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma deflação em 0,02%, a primeira desde junho de 2023, entretanto, o alívio é visto como temporário devido à queda no preço da energia na última avaliação, algo que mudará para as próximas medições. Esse cenário requer atenção para os varejistas.
“A deflação de alimentos em agosto é um alívio para a população, mas um desafio a mais para os supermercadistas. Preservar as margens num cenário de queda de preços deve ser o principal objetivo para o segundo semestre”, pontuou.
O aumento dos juros é um artifício para desestimular o consumo e conter a inflação, que segue “controlada” na visão do Governo. Os supermercados devem estar atentos a essa ferramenta para precificar de maneira mais assertiva e obter vantagem na negociação com o fornecedor, repassando o menor custo possível ao consumidor. Nesse cenário de aumento dos juros e de uma inflação acumulada em 4,24% nos últimos 12 meses, William Figueiredo indica a proteção da margem de lucro.