Princesa de Copacabana trabalha para minimizar desperdício em padaria
Parada obrigatória para cariocas e turistas, supermercado, tem soluções criativas para causos comuns na Zona Sul
No cenário caloroso das ruas de Copacabana, uma filial do supermercados Princesa, cujo nome remete o apelido conquistado pela praia mais famosa do mundo, é destino certo para banhistas, turistas, moradores do bairro e adjacências, além dos cariocas que procuram bebidas geladas e comidas prontas para consumirem nas areias e no calçadão.
Localizada na última quadra da rua Bolívar, e com uma fachada peculiar, o Princesa divide espaço com um prédio residencial, mas isso não atrapalha seu negócio. “Temos um bom convívio, um supermercado ao lado da sua casa, essa comodidade poucos têm”, brinca o gerente da unidade, Silvio Nunes, que chegou apenas 20 dias à filial.
“No passado, eu trabalhei por 5 anos aqui. Agora, deixei o Fonseca (Niterói) e voltei para cá, aceitando esse pedido feito pelo Princesa”, afirmou. Silvio, funcionário há mais de 20 anos na rede, e que atua há 15 como gerente de loja, compartilha sua percepção sobre a unidade. “Cada loja é diferente, essa aqui ela é a mais calorosa com o público. É mais próxima, lembra um mercado de família”, completa.
Silvio não está errado. Os corredores são estreitos e a formatação do local foge do tradicional. “Eu gosto do supermercado, ele é pequeno, então a gente não se perde”, comenta Abelardo Moreira, 56, aposentado e um dos diversos moradores de Copacabana que frequentam o estabelecimento.
A unidade conta com 6 checkouts tradicionais, sendo 1 dedicado apenas ao delivery e 4 self-checkouts. O FLV é apresentado logo na entrada, juntamente com os freezers de bebidas geladas e um corredor que interliga a adega, rotisseria, açougue e padaria.
Sem desperdício
Oferecendo os serviços de rotisseria e padaria, o Princesa, encontrou o dilema do desperdício de alimentos em sua unidade. Assim como em toda cozinha, pedidos além do necessário e os produtos que não têm saída no tempo de validade, acabam gerando um prejuízo financeiro ao estabelecimento, mas não apenas isso, o produto em si precisa ser descartado.
A solução foi mapear toda a cadeia de produção e encontrar seus pontos fracos, para então repaginar o processo. “É preciso treinar a galera, passar para eles a importância do custo e ver o que realmente se faz necessário e o que não faz”, explicou. A sua produção estava pedindo quantidade de farinha de rosca muito além do que era necessário, “Estavam pedindo seis sacos de farinha, quando um só produz mil unidades”, quantidade considerada muito maior do que a padaria precisa.
Para o gerente, em uma loja que recebe 3 cargas semanais não se faz necessário pedidos que chegam a mil unidades. Silvio passou a determinar a compra exata da quantidade máxima de ensacamento que sua produção possuía, algo em torno de 300 unidades. “Se você não tiver esse controle, vai impactar no financeiro. É preciso acostumar o pessoal a observar esses detalhes extremamente importantes”, afirma.
Nessa roda de gestão, Silvio explica que é preciso entender o consumo do cliente antes da produção. “Se você tem a saída de 10 unidades de um produto, vou produzir dez dele amanhã, e depois de amanhã, até quando outros clientes surgirem e reclamarem que acabou. Esse timing é o botão que a gente aperta para aumentar ou não a produção”, explica.
Nesse sentido, a produção da padaria do Princesa vem tentando equalizar a quantidade com a qualidade de seus produtos, e segurar os níveis de desperdício na produção. “Padaria a gente compra com os olhos. Então é preciso ter qualidade e só depois a quantidade”, completa.
“Sambarilove”
Entre os corredores, as diversas histórias que são possíveis de encontrar se misturam com outros idiomas. Sim, o Princesa de Copacabana é repleto de turistas que, assim como os cariocas, buscam alguma bebida gelada e comida prática para consumirem na praia durante os dias mais quentes.
“Acho divertido”, comenta a gaúcha Eleanor Dutra, 66, professora aposentada e que está visitando o filho, morador de Copacabana. Ela não consegue segurar o riso quando escuta uma conversa em outro idioma dentro de um mercado brasileiro, “é meio bobo, mas dá a sensação de que estamos fora (do país) também”, afirma.
Silvio explica que os profissionais do mercado são treinados para atender bem ao turista. “Tem que ter Sambarilove com eles. E, no pior dos mundos, saber desenrolar”, brinca o gerente, que enfatiza a presença de todos os tipos de clientes.
“É legal ter um mercado perto da praia, facilita muito”, comenta César Lúcio, 29, professor de educação física e que segue acompanhado de sua família para um dia de folga.