Varejo registra alta de 2,8% em janeiro, segundo o IVS; confira a entrevista exclusiva com o pesquisador da Stone

Os oito segmentos analisados registraram alta mensal em janeiro e o comércio físico registrou alta de 1,5% enquanto o digital apresentou queda de 1,6%
Após registrar queda em dezembro, as vendas do comércio brasileiro voltaram a apresentar resultados positivos, com um crescimento de 2,8% em janeiro, de acordo com o Índice do Varejo Stone (IVS). Em relação ao mesmo período do ano anterior, o cenário seguiu na mesma linha, com alta de 1,9%. O estudo, que acompanha mensalmente a movimentação do varejo no país, é uma iniciativa da Stone, empresa de tecnologia e serviços financeiros.
Índice de comércio digital
O comércio digital apresentou queda mensal de 1,6%, enquanto o comércio físico registrou alta de 1,5%. No comparativo anual, os resultados se repetiram: com queda de 1,6% e alta de 1,5%, para o comércio digital e físico, respectivamente.
Segmentos
Na análise mensal, todos os oito segmentos analisados reportaram alta em janeiro: tecidos, vestuário e calçados (4,8%), artigos farmacêuticos (2,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2%), móveis e eletrodomésticos (1,7%), _hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (_1,5%). livros, jornais, revistas e papelaria (1,4%), combustíveis e lubrificantes e material de construção (1,1%).
No comparativo anual, o segmento de combustíveis e lubrificantes teve o melhor desempenho com alta acumulada de 9,3%, seguido pelo setor de artigos farmacêuticos, que registrou crescimento de 3,9%. O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve alta anual de 2,3%, seguido pelo setor de livros, jornais, revistas e papelaria que reportou crescimento de 1,5%. O segmento de tecidos, vestuário e calçados registrou alta de 0,9% e o segmento de material de construção também teve alta de 0,8%.
Destaques regionais
No recorte regional, 19 estados apresentaram resultados positivos no comparativo anual, liderados por Roraima, com alta de 9,3%, seguido por Amazonas (6%), Acre (4,6%), Alagoas (4,3%), Ceará (4,1%), Amapá (3,9%), Pará (3,2%), Rio de Janeiro (2,9%), São Paulo (2,8%), Goiás e Minas Gerais (2,6%), Espírito Santo (2,2%), Tocantins e Maranhão (1,6%), Rondônia (1,5%), Pernambuco (1%), Rio Grande do Norte (0,9%), Bahia e Sergipe (0,8%).
Em entrevista exclusiva para a ASSERJ, Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da Stone, analisa esses resultados.
O crescimento de 2,8% no varejo em janeiro pode ser interpretado como um sinal de recuperação sustentável ou é apenas um reflexo da base de comparação baixa após as quedas de novembro e dezembro?
Sim, isso é principalmente um efeito de baixa base de comparação. Como exemplo, vale citar que o varejo vinha apresentando (comparativo 2024 vs 2023) ganhos em torno de 2,6% nos períodos antecedentes a dezembro. Em janeiro, a alta foi de apenas 1,9%. Ou seja, o varejo segue operando em níveis inferiores. Assim, é muito cedo para falarmos em recuperação, precisamos acompanhar por mais meses.
O endividamento das famílias pode frear esse crescimento do varejo nos próximos meses? No caso dos supermercados, essa pressão tende a ser menor por se tratar de itens essenciais?
Sim, ambas as afirmações estão corretas. Não à toa os melhores resultados do mês foram setores essenciais como combustíveis, produtos alimentícios e artigos farmacêuticos.
O setor de hipermercados e supermercados teve alta de 2,3% no comparativo anual. Quais fatores podem ter impulsionado esse crescimento no Rio de Janeiro, que teve alta de 2,9% no varejo geral?
Um dos principais motores desse crescimento pode ter sido o aumento expressivo do turismo no estado. A Riotur e outras entidades do setor projetaram um janeiro movimentado, com o RioGaleão prevendo recorde de passageiros e estimando um crescimento de 28% no fluxo de turistas estrangeiros. Com a maior circulação de visitantes, o consumo em hipermercados e supermercados tende a crescer, impulsionado pela demanda de moradores e turistas, além do abastecimento do setor hoteleiro e de alimentação.
A desaceleração no comércio digital (-1,6%) pode indicar uma volta do consumidor às lojas físicas? Isso tem sido percebido no segmento supermercadista?
Não necessariamente. É importante entender que comércio digital e físico possui uma relação de complementaridade forte entre si, em termos técnicos falamos que a correlação entre os dois é levemente negativa, ou seja, é comum que os resultados possuam direções contrárias. Assim, um único resultado é insuficiente para caracterizar uma mudança de comportamento neste sentido. Precisamos de mais meses de separação entre os dois para que tal movimento possa ser considerado.
Sobre a Stone
Stone é uma fintech brasileira de meios de pagamentos através dos seus serviços de adquirência multibandeiras por intermédio de máquinas de cartões, processadoras de transações realizadas por cartões de crédito, débito e voucher. Atua no mercado desde 2014, cobrindo todo o território brasileiro.