Supermercados buscam soluções para enfrentar a alta dos preços da carne

A carne bovina está mais cara e a previsão é a de que o consumidor sinta ainda mais no bolso em 2025

No acumulado de 12 meses, a inflação das carnes saiu de 8,33% até outubro para 15,43% até novembro deste ano. E é neste cenário que os supermercados buscam estratégias para lidar com a nova realidade do mercado e garantir a satisfação dos clientes.

A variação mais recente é a maior desde outubro de 2021 (19,71%), segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados no último dia 10 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O instituto destacou os aumentos em cortes como alcatra (9,31%), chã de dentro (8,57%), contrafilé (7,83%) e costela (7,83%).

Entre os fatores determinantes estão a moderação dos abates e as fortes exportações, que reduziram a disponibilidade interna de carne a partir de setembro.

A arroba chegou a R$ 352 em novembro e neste início do mês está estabilizada em R$ 323. Mas, ainda assim é um valor mais alto. Em junho deste ano, a arroba era comercializada, em média, por R$ 215.

Roberto Batista, diretor comercial de perecíveis do Supermarket (Barra Oeste), afirma que o segmento varejista está familiarizado com o gerenciamento de crises, como no período da pandemia quando “com empenho, disciplina e gestão não houve desabastecimento ou ruptura nas gôndolas dos supermercados.”

Por isso mesmo, ele aposta, os varejistas conseguirão contornar mais essa situação. E aponta como:

Para mitigar o impacto dessas variáveis externas na composição do preço ao consumidor, podemos adotar o custo “médio” gerado a partir do valor de entrada do produto, como um balizador na formação do preço de venda.

Os pedidos devem ser ajustados gradativamente à nova demanda, sempre mantendo o compromisso de garantir o sortimento na loja à disposição do consumidor, até porque nessa categoria não é comum trabalhar com estoques elevados.

Reforçar os controles de perdas por manipulação indevida do produto

Reciclar equipes e revisitar processos de prevenção e monitoramento de descartes por avarias. A economia gerada com essas ações dá o fôlego necessário para atravessar a crise. Dessa forma, o repasse do aumento do custo ao consumidor se dará de forma gradativa.

Reforçar a excelência no serviço, no atendimento, na qualidade das exposições no setor açougue. Focar nos cortes especiais na busca de um público onde o fator preço, segundo especialistas, não tem peso relevante no momento da decisão de compra.

Questionado sobre a tendência de migração do consumidor para carnes mais baratas, como frango e porco, Roberto detalha que o mercado varejista vai investir cada vez mais em informações e dados para embasar tomadas de decisão. E a análise desses dados pelo Time de Gecat (Gestão Categorias) será utilizada para redesenhar os espaços e ajustar ao novo share de cada produto do segmento. De forma que o nível do serviço prestado ao cliente não sofra perda de qualidade.

“Em função de tudo isso, não apostaria numa alteração no mix, mas sim numa gestão forte e detalhada dos espaços.”

E você, supermercadista? Como vai driblar esse cenário no seu supermercado?

Por Publicado em: 27 de dezembro de 20240 Comentários