Retail Media vai movimentar bilhões. Venha saber como seu supermercado pode abocanhar uma boa fatia!
Grande oportunidade para as redes aumentarem participação nos investimentos em publicidade
O Retail Media, do inglês mídia de varejo, está ganhando espaço como uma das estratégias mais poderosas e promissoras no mercado publicitário global. Segundo o eMarketer, este segmento deve movimentar impressionantes US$ 110 bilhões até 2026. Um estudo robusto, que envolveu mais de 60 empresas e mais de 100 entrevistas com líderes de grandes varejistas e indústrias, destaca o potencial exponencial dessa tendência.
Outra pesquisa expressiva, realizada pelo Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o Google, aponta que o RM deve gerar cerca de US$ 75 bilhões em lucro até 2026, impulsionado por um crescimento anual de 22% nos gastos dos anunciantes.
No Brasil, a relevância também é evidente. Segundo a pesquisa Retail Media Insights, da Newtail, 79% das indústrias já adotaram essa estratégia, atraídas principalmente pela possibilidade de mensuração de ponta a ponta — algo que os canais tradicionais não oferecem.
A tendência de monetização tem sido amplamente fomentada pelo presidente da ASSERJ, Fábio Queiróz, pelas vantagens que oferece para todos os envolvidos.
“O conceito já é considerado a terceira onda da publicidade, permitindo às marcas colocarem o consumidor no centro da relação entre indústria e varejo. O que veremos daqui para frente é a agência de publicidade procurando os supermercados para anunciar”, afirma Queiróz.
O que é Retail Media?
Trata-se de uma estratégia publicitária que permite às marcas anunciarem em diversos espaços disponibilizados por varejistas, tanto no ambiente físico quanto no digital. Isso inclui sites, aplicativos, pontos de venda e espaços com uso de painéis de LED, cartazes, adesivos em elevadores e banheiros, sinalização no piso e placas em carrinhos de compras. A proposta é impactar o consumidor no momento exato da compra, influenciando sua decisão.
Fabio Amorim, CEO da Pixel Retail Media e ex-Hortifruti, destaca a importância dos dados comportamentais e demográficos dos consumidores para o sucesso das campanhas. Ele reforça que a adequação do criativo ao local de mídia e à jornada do consumidor é essencial. “O teste A/B (uma comparação entre o que funciona melhor) e a mensuração das métricas de CTR (taxas de cliques) e conversões de vendas são fundamentais para avaliar a efetividade das campanhas”, afirma.
Andreia Leida, da W/McCann, complementa: “Ao conectar dados de comportamento de compra com canais de comunicação diretos no ponto de venda, com acesso a informações detalhadas, como histórico de compras e preferências, as marcas conseguem criar mensagens altamente personalizadas e direcionadas a públicos específicos. Esse nível de segmentação permite destacar atributos relevantes, como sustentabilidade, promoções ou benefícios exclusivos, alinhando os conceitos das campanhas com as expectativas do consumidor.”
Ela também observa como o foco em momentos críticos do funil de vendas torna as mensagens mais objetivas e orientadas para ações imediatas, como descontos ou incentivos especiais.
Desafios e oportunidades
A integração das plataformas (on-site, off-site e in-store) com as propriedades de trade é vista por Amorim como o maior desafio. Essa integração é essencial para impactar o consumidor em diferentes momentos de sua jornada de compra. Ele lamenta que muitos varejistas ainda enfrentem dificuldades em montar planos 100% integrados, incluindo ativações no site, CRM, exposições na gôndola e mídias nos painéis LED.
Leida destaca a agilidade como um diferencial do Retail Media. “Outro impacto significativo está na agilidade e nos testes possibilitados pelo retail media, que permitem ajustes rápidos e contínuos para otimizar resultados. Campanhas podem ser adaptadas em tempo real com base em métricas como cliques, conversões e engajamento, garantindo maior eficiência.”
Para isso, ela atenta, é preciso equilibrar personalização e escala, já que as mensagens devem ser altamente relevantes para públicos segmentados sem perder a eficiência. Além disso, o acesso e o uso efetivo dos dados do varejista podem ser limitados por questões de privacidade ou falta de integração entre sistemas.
Porém, ela alerta para a necessidade de equilibrar personalização e escala, já que as mensagens devem ser altamente relevantes para públicos segmentados sem perder a eficiência. Além disso, o acesso e o uso efetivo dos dados do varejista podem ser limitados por questões de privacidade ou falta de integração entre sistemas. Outro ponto crítico é o life-time value (LTV), que exige agilidade para planejar, executar e ajustar com base em métricas em tempo real.
Apesar disso, ambos veem avanços significativos com a digitalização das lojas e o uso de IA, que otimizam e personalizam as ações promocionais.
“A integração entre canais físicos e digitais está tornando as campanhas omnichannel mais robustas, oferecendo experiências consistentes em todos os pontos de contato. O crescimento de plataformas próprias (retail-owned media networks) também permite maior controle sobre segmentação e métricas de performance”, complementa Leida.
O crescimento no varejo supermercadista
O setor de supermercados, historicamente pouco explorado em termos de mídia publicitária, apresenta uma grande oportunidade. Dados do CENP mostram que, dos R$ 23,4 bilhões investidos no mercado publicitário em 2023, menos de 1% foi destinado ao segmento. Isso ocorre devido à fragmentação, falta de padronização e métricas limitadas no setor.
No entanto, redes como o Grupo Pão de Açúcar (GPA) já estão mudando esse cenário. O GPA criou, em 2023, uma área dedicada a Retail Media e obteve um crescimento de 80% na receita com publicidade em relação a 2022. Para 2024, a meta é aumentar a receita em pelo menos 45%.
Lucas Soffner, gerente geral de Retail Media do GPA, revelou recentemente à ASSERJ que a expansão inclui aumentar o número de campanhas, fornecedores parceiros e ativos físicos e digitais. “Queremos que o mesmo boom que acontece em São Paulo seja refletido nas regionais. Estamos com uma agenda forte em praças como Rio de Janeiro, Centro-Oeste e Nordeste”, detalha.
Um cenário em expansão
Com um mercado em franca ascensão, o Retail Media apresenta-se como uma oportunidade sem precedentes para marcas e varejistas. Ao explorar dados do consumidor, integrar plataformas e personalizar experiências, é possível não apenas aumentar a receita, mas também transformar a jornada de compra em uma experiência mais relevante e eficaz.
Considerando que o varejo supermercadista brasileiro encerrou 2024 com um crescimento nominal de 5,4%, alcançando a marca de R$ 1,27 trilhão em faturamento, segundo a Scanntech, é hora de os supermercadistas investirem nesta revolução e capturarem ainda mais oportunidades de crescimento.
“Os investimentos em trade que a indústria tem feito, sobretudo nos varejistas, mostram o comprometimento das marcas em gerar valor aos clientes, que no final do dia são de ambos: da indústria e do varejo. Assim, todos se beneficiam ao ter uma campanha bem-sucedida, com o incremento das vendas”, Almeida finaliza.