Investimento em tecnologia: como mensurar o retorno?

Apesar do aumento recente nos investimentos em tecnologia, muitos supermercados ainda enfrentam dificuldades para transformar esses recursos em resultados concretos. A adoção de novas soluções digitais é crescente, mas sem planejamento adequado, integração eficiente e foco na experiência do consumidor, o retorno pode ficar aquém do esperado.

Segundo Israel Ortiz, vice-presidente da Accruent, um dos principais entraves está no planejamento. “Muitas vezes vemos supermercadistas ansiosos para adotar as tecnologias mais recentes”, disse Ortiz, “mas sem um plano de implantação unificado ou propriedade clara das tarefas, essas ferramentas acabam sendo subutilizadas”.

Para ele, o sucesso não depende apenas da compra do sistema certo, mas também de ações estruturadas, como padronizar processos, alinhar as equipes em torno de objetivos compartilhados e garantir que a tecnologia esteja integrada ao dia a dia da operação. “Do contrário, você estará apenas adicionando tecnologia a fluxos de trabalho desconexos”, completa.

Tecnologia: gestão de dados é importante

Outro desafio comum é a gestão e o uso de dados. Tara Blackman, vice-presidente de varejo da LiveRamp, aponta que “novas ferramentas podem levar a dados descentralizados e inconsistências que criam grandes obstáculos”. Segundo ela, problemas como integração ineficiente com sistemas existentes, riscos à privacidade e à segurança, e dificuldade na análise de grandes volumes de dados acabam impactando negativamente o ROI.

Para enfrentar isso, Tara Blackman recomenda implementar uma “estrutura de identidade empresarial” — ferramenta capaz de criar uma chave comum que conecta com segurança os diferentes conjuntos de dados entre equipes de TI, produto, marketing e engenharia. “Isso pode resolver a fragmentação da pilha de tecnologia fazendo com que os investimentos em tecnologia funcionem melhor em todos os aplicativos e parceiros de negócios”, afirma.

É fundamental considerar a experiência do usuário

A experiência do usuário também deve ser considerada como fator determinante para o sucesso da tecnologia. Saee Pansare, especialista em gerenciamento de produtos no setor de alimentos, destaca que muitas soluções fracassam porque não são fáceis o suficiente para que o público ou os funcionários as adotem. “Já me deparei com vários casos em que supermercados projetam soluções com base em cenários do mundo ideal sem verificar suficientemente se o usuário médio (cliente ou funcionário da loja) achará o fluxo lógico e fácil de adotar.”

Segundo ela, isso pode levar as empresas a abandonar boas ideias por problemas de implementação, e não de conceito. “A empresa descarta a ideia central, presumindo que a oportunidade não vale a pena ser explorada, em vez de reconhecê-la como um problema de implementação.”

A saída, segundo Pansare, é “testar constantemente suposições e hipóteses por meio de parcerias estreitas com os usuários”, o que permite construir soluções de forma incremental, com mais chances de sucesso. “Eu também acrescentaria que descobri que o comportamento do consumidor do setor de alimentos é mais tradicional do que o de outros setores porque é muito habitual e arraigado”, afirma. “Provavelmente fizemos nossa primeira compra de supermercado quando éramos crianças, e esse tipo de memória/hábito forte é mais difícil de mudar do que alguns outros comportamentos.”

Como enfrentar os desafios da transformação digital?

Para enfrentar todos esses desafios e maximizar o retorno sobre os investimentos, o sócio-gerente da AnswerRocket, Jim Johnson, defende três estratégias essenciais: primeiro, é preciso vincular os investimentos a resultados mensuráveis. “Qualquer novo esforço deve ter uma visão clara para aumento de receita, redução de custos ou maior satisfação do cliente. Concentre-se nos problemas específicos que você resolverá, identifique as métricas que monitorará e mensure-as incansavelmente para não perder de vista os objetivos originais.”

Em seguida, Johnson recomenda agilidade na implantação e disposição para aprender: “Entre em produção o mais rápido possível, mesmo que seja por um período muito limitado, e aprenda com isso. Empresas de alimentos e bebidas frequentemente ficam presas em implementações extensas que não entregam valor antes que as condições de negócios mudem.”

Por fim, ele destaca a importância de buscar expertise quando necessário. “Apesar do interesse e do entusiasmo da sua equipe interna de tecnologia, você provavelmente não possui todas as habilidades necessárias. Quanto mais próximo da vanguarda você estiver, mais conhecimento especializado precisará. A IA está evoluindo rapidamente e, a menos que você seja um especialista, é difícil acompanhar. Parcerias estratégicas podem acelerar sua jornada e ajudar a evitar erros dispendiosos.”

Com planejamento estratégico, integração eficaz de dados, foco no usuário e metas bem definidas, os supermercadistas podem transformar seus investimentos em tecnologia em resultados concretos e sustentáveis — melhorando não apenas suas operações, mas também a experiência do cliente.

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