Filas no supermercado: como resolver esse problema urgente?

Um dos maiores desafios enfrentados pelos supermercados é, também, um dos mais comuns: as filas. Segundo uma pesquisa da CVA Solutions, 36,7% dos consumidores apontam as filas como o principal problema que precisa ser resolvido no setor. O impacto vai além do incômodo momentâneo — pode significar a perda definitiva do cliente.

Um estudo da Forrester Research em parceria com a Digimarc revelou que a experiência de checkout influencia diretamente o comportamento de compra de quase 40% dos consumidores que não são fiéis a uma única rede. Ao todo, 50% dos entrevistados disseram que o momento do pagamento é “muito importante”, e outros 35% o classificaram como “importante”.

“Embora não seja surpresa que os clientes não queiram esperar em longas filas e ter processos de checkout lentos, o quanto eles se importam pode surpreender muitos varejistas”, destacou o relatório publicado pelo Supermarket News.

Diante disso, especialistas defendem que resolver o problema das filas é uma das ações mais estratégicas que o varejo pode adotar. O professor Richard Larson, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), considerado um dos maiores estudiosos do mundo em gestão de filas, é enfático: “O tempo de espera é uma questão emocional. As pessoas não apenas contam os minutos, elas sentem que estão perdendo o controle do próprio tempo”.

Segundo ele, um processo de checkout eficiente pode ser decisivo para a fidelização. “Os supermercados que não consideram o impacto psicológico das filas estão deixando dinheiro na mesa”, afirma Larson.

Como reduzir filas e melhorar a experiência do cliente

Especialistas e consultorias do setor apontam caminhos práticos para tornar a experiência de compra mais fluida e satisfatória. Confira algumas estratégias eficazes:

Ofereça alternativas de checkout – Investir em tecnologias como autoatendimento e aplicativos de autodigitalização (como o ScanPayGo) permite que os consumidores concluam suas compras sem precisar passar por um caixa tradicional. Outra solução é o uso de dispositivos móveis de ponto de venda (mPOS), operados por funcionários com tablets ou smartphones, para processar pagamentos em qualquer parte da loja.

Crie estações especiais para processos mais demorados – Trocas, cadastros e outros atendimentos mais complexos devem ser direcionados a pontos específicos, evitando que atrasem o fluxo das vendas simples. Com isso, a maioria dos consumidores — que realiza compras rápidas — é atendida com agilidade.

Invista em treinamento contínuo – Funcionários bem treinados não apenas ganham velocidade, mas também garantem um atendimento mais eficiente e cortês, o que diminui erros, aumenta a confiança do cliente e otimiza o tempo de cada transação.

Reforce os caixas nos horários de pico – É essencial mapear os horários e dias com maior fluxo para planejar melhor a escala de trabalho. Feriados, fins de semana e datas comemorativas merecem atenção redobrada, com aumento do número de caixas em funcionamento.

Implementar análise de dados em tempo real – Com o uso de inteligência artificial e análise de dados, é possível prever picos de movimento e redistribuir equipes com antecedência. Algumas redes já usam sensores e câmeras com machine learning para estimar tempo de espera e abrir novos caixas automaticamente quando necessário.

Incentivar o uso de caixas rápidos para poucos itens – Criar caixas exclusivos para clientes com até 5 ou 10 itens pode acelerar o fluxo de forma significativa. O ideal é ter sinalização clara e funcionários orientando os clientes para esses pontos.

Adotar programas de agendamento de compras – Alguns supermercados online e físicos já permitem que o cliente agende o horário da compra ou da retirada dos produtos. Isso ajuda a distribuir melhor o fluxo de pessoas ao longo do dia.

Automatizar processos internos – Além do checkout, processos como reabastecimento de estoque, etiquetagem e verificação de preços podem ser otimizados com tecnologia — liberando funcionários para o atendimento e reduzindo gargalos.

Mais do que tecnologia: é sobre eficiência e percepção

Embora soluções tecnológicas ajudem, a percepção do cliente sobre o tempo de espera continua sendo crucial. Richard Larson resume: “Não é só quanto tempo a pessoa espera, mas como ela percebe essa espera. Se o tempo é mal gerenciado, o impacto negativo será maior do que os minutos realmente passados na fila”.

No final das contas, a eficiência no checkout não é apenas um detalhe operacional — é uma questão estratégica que impacta diretamente a experiência do consumidor e os resultados financeiros do negócio. Supermercados que compreenderem isso sairão na frente na disputa pela preferência do cliente.

Por Publicado em: 8 de maio de 20250 Comentários