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NR1: o que o seu supermercado precisa saber?

17/07/2025 • Última actualización 4 Meses

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Nesta quinta-feira, 17 de julho, a ASSERJ realizou mais uma edição do seu Conselho de RH, reunindo profissionais da área, associados da ASSERJ, no auditório do Lead Américas, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Promovido pela Gerência de Gestão de Pessoas da associação, o encontro teve como foco principal destacar os impactos das alterações da Norma Regulamentadora 1 (NR1), que entra em vigor com eficácia plena em maio de 2026, mas já exige atenção e preparo das empresas desde agora.

A gerente de gente e gestão da ASSERJ, Michelle Rodrigues, destacou a importância do evento ao reunir dois especialistas com abordagens complementares sobre o tema. “Trouxemos duas visões que se completam sobre a NR1: a jurídica e a psicossocial. Muitos acham que a norma parou, mas não parou. Ela continua avançando, e os supermercados precisam acompanhar essas mudanças desde já”, afirmou.

NR1 e riscos psicossociais

O psicólogo clínico e organizacional Fredy Figner abriu os debates com uma abordagem prática sobre como implementar avaliações psicossociais eficazes nas empresas. Segundo ele, as novas exigências da NR1 ampliam o conceito de segurança no ambiente corporativo, incluindo fatores que afetam diretamente a saúde mental dos trabalhadores.

“Nosso papel é prevenir o adoecimento e promover um ambiente saudável”, explicou. Fredy alertou para o cenário preocupante do país, que ocupa o segundo lugar no mundo em afastamentos por burnout e permanece entre os líderes em índices de ansiedade e depressão. “Uma população adoecida gera empresas adoecidas – e é essencial que os supermercados saibam lidar com isso.”

Entre os principais pontos que merecem atenção, o especialista destacou a consideração dos riscos psicossociais como obrigatórios, a revisão das condições de trabalho de acordo com a NR17 (Ergonomia) e a necessidade de avaliações contínuas com monitoramento constante das atividades laborais.

Fredy apontou ainda que muitos líderes vêm do ‘chão de fábrica’ e nem sempre estão preparados para liderar suas equipes emocionalmente. “Não basta aplicar questionários. É preciso escutar os colaboradores, entender o clima organizacional, levantar informações por cargo e setor sem expor individualmente ninguém. A comunicação precisa ser assertiva para que o plano funcione e evite qualquer tipo de retaliação”, explicou.

O psicólogo também apresentou um retrato comum do ambiente supermercadista: altos níveis de ansiedade, o que pode impactar negativamente o desempenho, a tomada de decisões e as relações interpessoais. Ele ponderou, no entanto, que fatores pessoais também podem influenciar os resultados.

“O modelo de negócio exige que os profissionais atuem em cenários diversos, lidando com diferentes perfis e dinâmicas de mercado. Por isso, é fundamental equilibrar desafio com suporte psicológico.”

Como recomendações para o desenvolvimento das equipes, Fredy sugeriu uma série de ações: treinamentos voltados ao controle da ansiedade e estresse, oficinas de inteligência emocional, práticas de respiração, plantão psicológico, rodas de conversa temáticas, encontros de descompressão, indicação de aplicativos de meditação, eBooks sobre higiene do sono e atividade física, implantação de reuniões one-on-one, cultura do feedback, além do monitoramento e melhoria contínua nos indicadores de riscos psicossociais. O psicólogo destacou ainda que o clima organizacional demonstra sentimento de acolhimento e cuidado, “gerando um fio de esperança”.

“Essas iniciativas refletem um movimento consistente de transformação cultural, voltado à humanização das relações, valorização das pessoas e evolução contínua dos processos organizacionais”, concluiu.

Aspectos jurídicos e práticos


Em seguida, a advogada Bárbara Ferrari, sócia do escritório Ferrari & Rodrigues Advogados, trouxe a análise jurídica da nova NR1. Ela reforçou que a norma deixa de ser um documento restrito à segurança do trabalho e passa a envolver todos os setores da empresa, como Recursos Humanos, jurídico, alta gestão, gestores e lideranças.

“Os supermercados devem documentar, monitorar e saber quais são os riscos que enfrentamos hoje – especialmente os relacionados às doenças ocupacionais de natureza psicossocial.”

Bárbara apresentou os principais marcos das mudanças previstas nas Portarias MTE nº 1.419/2024 e nº 765/2025, que prorrogam a entrada em vigor de diversos pontos da NR1 para 2025 e 2026. “Entre as mudanças, estão a ampliação do conceito de risco com a obrigatoriedade de inclusão dos riscos psicossociais no PGR, a exigência de um Programa de Gerenciamento de Riscos atualizado e integrado entre os setores da empresa, a necessidade de registros documentais com treinamentos periódicos, participação ativa dos colaboradores, clareza nos contratos de trabalho e elaboração de documentos que comprovem para fins de fiscalização”, explica.

A advogada também alertou para as consequências do descumprimento da norma, que podem ir além de multas — que ultrapassam R$ 20 mil em casos graves —, incluindo condenações por danos morais, materiais e estéticos, pensão mensal em caso de incapacidade, ações civis públicas, interdição de setores com riscos graves e reconhecimento de doenças psicológicas como ocupacionais, o que impacta diretamente o Fator Acidentário de Prevenção (FAP).

“Entre as consequências indiretas, estão a perda de tempo até que a performance esperada seja atingida, aumento da rotatividade, elevação de custos e redução da eficiência do negócio”, revela a advogada.

Para evitar esses riscos, Bárbara orientou que as empresas informem e treinem seus colaboradores com comunicação clara e contínua sobre os riscos ocupacionais e medidas de prevenção; implementem canais de denúncia confidenciais e ofereçam suporte emocional; envolvam os trabalhadores na identificação e avaliação dos riscos; mantenham documentação completa de todas as ações; e realizem revisões periódicas do PGR e do Inventário de Riscos.

ASSERJ fortalece o papel do RH no varejo supermercadista

A gerente executiva da ASSERJ, Manuela Sales, encerrou o encontro reforçando o compromisso da associação em apoiar seus associados com conhecimento e orientação estratégica. “Um dos nossos propósitos é proporcionar conhecimento. Com encontros como esse, queremos fortalecer ainda mais os RHs dos nossos associados, que são setores essenciais e estratégicos dentro das redes, porque cuidam do colaborador – e esse cuidado se reflete em um trabalho melhor, com mais engajamento e, por consequência, mais verdade nas relações.”

O Conselho de RH da ASSERJ reforça a necessidade de uma atuação estratégica da área de Recursos Humanos diante das novas exigências legais e dos crescentes desafios relacionados à saúde mental no ambiente corporativo. A nova NR1 não é apenas uma obrigação legal, mas um convite à transformação cultural, à valorização das pessoas e à construção de ambientes de trabalho mais humanos, saudáveis e produtivos.

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