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Até 2027, quem conseguir unir imaginação, propósito e capacidade de execução vai liderar o jogo

14/08/2025 • Última actualización 3 Meses

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Na segunda palestra desta quinta-feira (14), no palco Conecta Varejo do Rio Innovation Week, a head of business & operations da WGSN, Priscila Seripieri, apresentou um panorama aprofundado do que deve moldar o mercado nos próximos anos. Com projeções baseadas em dados, estudos e exemplos concretos, ela alertou: o sucesso no varejo dependerá cada vez mais da capacidade de adaptação rápida e da compreensão das mudanças sociais e tecnológicas.

“A WGSN é hoje a maior empresa de tendências do mundo. Nasceu no mercado de moda, mas entendemos que mapear moda é mapear comportamento de consumo. O jeito que a gente se veste revela hábitos, valores e escolhas. Hoje, olhamos para todas as categorias — beleza, tecnologia, alimentos e bebidas, e-sports, interiores — sempre antecipando comportamentos de dois a cinco anos no futuro”, explicou.

Segundo Priscila, o varejo está migrando de uma “era da informação” para uma “era da imaginação”. “Informação já não é escassa. O desafio agora é: o que fazer com tanta informação? É aí que entra a criatividade para transformar dados em experiências e soluções que conectem com as pessoas”, afirmou. Essa transição é mapeada pela metodologia STEP da WGSN, que analisa seis pilares: sociedade, tecnologia, meio ambiente, política, indústria e criatividade.

No campo social, ela destacou uma mudança de mentalidade que une coletividade e individualidade. “Não é mais um ou outro, mas sim uma coexistência. As marcas precisam pensar em estratégias que unam responsabilidade coletiva e respeito às individualidades. Isso significa produtos e campanhas que falem de pertencimento, mas também de personalização”, disse. Essa tendência abre espaço para novas funções no varejo, como estrategistas de comunidades, designers de experiência inclusiva e especialistas em narrativas de marca.

Na indústria, o destaque é o equilíbrio entre proteção e conexão. “O consumidor quer se sentir seguro, mas também quer se conectar. Isso vale para o ambiente físico e online. As empresas precisam criar ecossistemas que transmitam confiança, mas que sejam abertos ao relacionamento humano”, explicou. O movimento favorece o surgimento de especialistas em segurança digital humanizada, consultores de ecossistemas omnichannel e curadores de experiências híbridas.

Outro ponto central abordado foi o design de produtos. Priscila reforçou que qualidade e simplicidade devem guiar a criação de soluções: “Consumidores valorizam produtos bem feitos, intuitivos e duráveis. A simplicidade aumenta a usabilidade e fortalece a percepção de valor da marca.” Essa abordagem conecta-se ao movimento do direito de consertar, que garante autonomia ao consumidor para reparar produtos, prolongando sua vida útil e consolidando confiança na marca.

No campo da criatividade, Priscila defendeu o poder da brincadeira como estratégia de engajamento: “Em tempos caóticos, o adulto busca momentos lúdicos para suavizar a rotina. Marcas que conseguem trazer esse elemento de forma inteligente criam vínculos emocionais mais fortes.” Ela citou como exemplo um despertador inspirado no jogo Mario, que transforma o simples ato de acordar em uma experiência divertida. “Isso é soft power cultural: conectar moda, beleza, gastronomia, esportes e entretenimento numa mesma narrativa que inspira e diverte.”

Priscila também destacou a importância do storytelling como ferramenta estratégica. “Marcas que contam histórias criam conexões emocionais profundas, transformando clientes em defensores da marca. Contar histórias que reflitam os valores da empresa, tragam autenticidade e despertem memórias é uma maneira poderosa de gerar engajamento e aumentar vendas”, disse.

Além disso, a especialista chamou atenção para a transformação do que representa status no consumo moderno. “Hoje, símbolos de status não estão ligados apenas a bens de luxo, mas também a valores como sustentabilidade, personalização e bem-estar. A nostalgia será um motor de decisão de compra, pois resgata emoções positivas e um senso de pertencimento”, afirmou. Ela aconselha que as empresas incorporem referências afetivas em produtos e campanhas, criando conexões significativas com o consumidor.

Priscila também lembrou que toda tendência gera uma contratendência. “Se você olha para algo e pensa: ‘Isso não é novo’, é ótimo. Significa que já existe, mas ainda é pequeno. Nosso trabalho é mostrar quando ele vai se tornar relevante de verdade.”

Para empresas que buscam vender mais nesse cenário, a executiva deixou provocações práticas: coexistir com a tecnologia sem perder a dimensão humana, investir em flexibilidade cultural, preservar narrativas, ampliar o ciclo de vida dos produtos, e unir design simples, storytelling e nostalgia em suas estratégias. “Até 2027, quem conseguir unir imaginação, propósito e capacidade de execução vai liderar o jogo”, concluiu.

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