Calor impactando as gôndolas? Vem saber!

O calor extremo que atinge parte do país desde fevereiro pode gerar novas pressões sobre os preços de alimentos mais sensíveis a variações climáticas, como hortifruti e ovos. A alta nas temperaturas afeta tanto a oferta quanto a demanda desses produtos, tornando-se mais um desafio para o setor supermercadista.

“Em locais onde a onda de calor está mais intensa é provável que tenha algum aumento de preços de alimentos in natura, o que é normal para essa época do ano, só que pode vir um pouquinho acima da média por conta da intensidade do calor”, afirma o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Segundo ele, a tendência é de que o impacto não seja duradouro.

Impactos no varejo supermercadista

A onda de calor que se formou no dia 28 de fevereiro deve se estender até, pelo menos, domingo (9), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O bloqueio atmosférico que persiste sobre parte do país mantém as temperaturas em níveis muito acima do normal, especialmente no Sul, em Mato Grosso do Sul e em grande parte do estado de São Paulo.

No varejo supermercadista, o aumento de temperatura tem impacto direto no consumo e na oferta de produtos. “As ondas de calor elevam a demanda por água, cervejas e sorvetes, mas também pressionam a oferta de hortifrutis e ovos, que sofrem com o estresse térmico”, afirma Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ.

Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que o calor extremo tem “impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos”. A entidade também explicou que a recente alta dos preços dos ovos é sazonal e ocorre normalmente antes e durante a Quaresma, quando há maior demanda pela substituição de carnes vermelhas por ovos e outras proteínas brancas.

Galinhas são sensíveis a temperaturas acima de 28ºC, o que afeta sua capacidade produtiva. Além disso, no longo prazo, as elevações térmicas podem impactar pastagens e, consequentemente, a alimentação de bovinos, suínos e caprinos.

“O varejo está atento a essas oscilações e mantém diálogo constante com fornecedores para evitar repasses bruscos ao consumidor”, afirma Queiróz.

Inflação alimentar e desafios econômicos

A inflação dos alimentos tornou-se uma preocupação para o governo Lula, pois pode impactar diretamente a popularidade do presidente. Contudo, economistas veem pouco espaço para intervenções eficazes, uma vez que a alta dos preços está associada a fatores como mudanças climáticas e a valorização do dólar diante das incertezas fiscais.

Diante desse cenário, a expectativa é que o setor supermercadista continue buscando estratégias para mitigar os impactos climáticos e oferecer aos consumidores alternativas viáveis, garantindo o abastecimento e a estabilidade dos preços sempre que possível.

Algumas estratégias que o varejo supermercadista pode adotar para enfrentar esse cenário incluem:

  1. Gestão eficiente de estoques – Monitorar a demanda e otimizar estoques para evitar desperdícios e rupturas, garantindo reposição ágil dos produtos mais afetados pelo calor.

  2. Diversificação de fornecedores – Trabalhar com diferentes fornecedores e regiões para minimizar impactos localizados de quebras de safra ou redução de oferta.

  3. Promoções estratégicas – Oferecer descontos e combos em produtos menos afetados pela onda de calor para equilibrar o ticket médio do consumidor.

  4. Investimento em logística – Melhorar a cadeia de abastecimento, garantindo transporte e armazenamento adequados para produtos mais sensíveis às variações de temperatura.

  5. Aposta em alternativas – Destacar produtos substitutos, como vegetais congelados no lugar de frescos mais caros, ou proteínas alternativas quando houver alta nos preços dos ovos.

  6. Parcerias com produtores locais – Estabelecer acordos com pequenos produtores para reforçar a oferta de hortifrúti e garantir menor tempo de transporte, reduzindo perdas.

  7. Tecnologia para previsão de demanda – Utilizar dados e inteligência artificial para antecipar tendências de consumo e adaptar compras e estoques conforme a necessidade.

  8. Campanhas educativas para consumidores – Informar os clientes sobre sazonalidade, melhores opções de compra e formas de conservação dos alimentos para reduzir desperdício.

Por Publicado em: 5 de março de 20250 Comentários