Álcool 70%: varejistas seguem na corrida para se desfazer do estoque

O prazo final para zerar os frascos de álcool restantes é 29 de abril

Com a volta da proibição da venda de álcool 70% na forma líquida, determinada em 31 de dezembro do ano passado, o varejo tem até o dia 29 para se desfazer do estoque do produto. Adotada sob a justificativa de que a versão líquida é altamente inflamável, representando um risco em especial para crianças, a medida é polêmica e pesa no bolso do consumidor. O custo do produto em gel é bem maior do que o líquido e demanda mais tempo na fabricação.

O coordenador de Planejamento e Controle de Produção da Álcool Montenegro, Matheus Rangel, afirma que “o impacto da proibição é gigantesco e até difícil para nós mensurarmos”. Ele explica que o custo do produto em gel é bem maior: “O gel precisa de outros insumos como espessantes, desnaturantes e neutralizantes. Essas matérias-primas são importadas e zelamos pela qualidade do nosso produto. Não abrimos mão dessa prestação de serviço de alto nível”.

O custo de fabricação também é mais elevado. Devido à viscosidade do gel, são necessários mais processos de manipulação e equipamentos mais caros porque as bombas para fluidos viscosos são mais complexas do que as da forma líquida cuja densidade teoricamente é similar à da água.

Rangel acrescenta que: “Além desses custos operacionais, a máquina de envase funciona de modo mais lento. Não há dúvida de que a produtividade é dobrada para o álcool líquido. Para você ter uma ideia: a cada hora, em média, eu produzo 400 caixas. Na linha de gel, são apenas 180/200 por hora e isso se reflete lá no final. Temos esses impactos que acabam onerando o produto”.

A empresa já produzia o álcool 70% em gel antes da crise sanitária da Covid-19, porém com uso específico, somente para atender segmentos de assistência à saúde. A venda era pequena, lembra Rangel. “Assim que a Anvisa liberou o produto, ele rapidamente se tornou o nosso carro-chefe. Em poucos meses, o faturamento da empresa era basicamente 80% com a venda de álcool na forma líquida. Isso foi até o fim do ano de 2020. Nos anos seguintes, a venda começou a declinar vivemos um momento de estabilidade e a venda de álcool 70 na forma líquida passou a representar 60% do faturamento”, comentou.

Depois desse período, as vendas despencaram e são poucos segmentos que ainda compram o produto. A Montenegro, então, lançou o álcool bactericida. Trata-se de álcool 46% com outros componentes químicos para ter a função desinfetante.

“Nós discordamos da proibição mesmo sabendo que o produto em gel tenha um teor de ação mais elevado. Nós não ouvimos relatos de acidentes nem de casos de pessoas com problemas de alcoolismo. O produto foi essencial para a contenção do vírus da COVID-19 e poderia ser em outros casos de doença porque é versátil, polivalente e o consumidor gosta já se acostumou. Tivemos quatro anos de uso com resultado positivo”, concluiu.

Liberação na pandemia

Proibido desde 2002 no Brasil, o comércio de álcool 70% na forma líquida foi liberado temporariamente durante a crise sanitária da Covid-19. Na ocasião, a articulação da ASSERJ junto aos órgãos reguladores conseguiu autorização para a venda do produto, trazendo tranquilidade à população num momento de grande incerteza e escassez.

Neste sentido, agradecemos o apoio da Anvisa e do deputado federal Luiz Antonio Teixeira Junior (PP-RJ), conhecido como Dr. Luizinho, que, na época, coordenou a Comissão do Coronavírus da Câmara dos Deputados e teve papel fundamental para viabilizar a liberação. Foi graças à atuação da Comissão que a Anvisa voltou a permitir a venda de álcool 70 líquido nos mercados, num momento em que o preço do álcool em gel chegou a aumentar em mais de 600%.

Por Publicado em: 10 de abril de 20240 Comentários