ABIC reforça combate à fraude no café e alerta para alta de preços

A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) realizou, nesta quarta-feira (19), o Seminário de Defesa do Consumidor e Combate à Fraude no Café, reunindo representantes do setor, autoridades sanitárias e empresariais, com o objetivo de discutir medidas de proteção ao consumidor e formas de garantir a qualidade do café brasileiro.
O presidente da ASSERJ, Fábio Queiróz, foi uma presença imprescindível pela autoridade de representar as 30 maiores redes de supermercados do Estado do Rio de Janeiro, reforçando o compromisso do varejo em oferecer produtos de qualidade e proteger os consumidores de fraudes.
Celírio Inácio, diretor executivo da ABIC, destacou a importância da iniciativa e reforçou a missão da entidade, que completa 51 anos em 2025. “Nosso compromisso é defender o consumidor e assegurar que o café brasileiro seja respeitado da lavoura à xícara”, afirmou.
A escalada dos preços
A crescente alta dos preços do café, impulsionada por uma sucessão de fatores climáticos desde 2021, problemas logísticos internacionais e a valorização do dólar, foi ressaltada pelo presidente da ABIC, Pavel Cardoso. Ele lembrou que, em novembro de 2024, a saca de café custava R$ 1.300, e agora em fevereiro o preço dobrou para R$ 2.600.
Esse aumento impacta diretamente os produtores, sendo que 83% dos associados da ABIC são nano, pequenos e médios empreendedores. “O impacto no capital de giro das indústrias é avassalador, e muitos não conseguem repassar integralmente os aumentos ao consumidor, pois há um delay de até 60 dias”, explicou Cardoso.
Em 2024, o aumento do preço do café chegou a 39%, refletindo na inflação dos alimentos. Para as indústrias, o desafio está em equilibrar estoques e capital de giro diante da volatilidade dos preços.
Alta de preços impulsiona fraudes no café
A disparada no preço do café criou um ambiente propício para o avanço das fraudes no setor. “Quando o preço sobe tão rapidamente, abre-se espaço para práticas desleais que prejudicam tanto a indústria quanto o consumidor”, alertou o presidente da ABIC.
Ele denunciou a prática de comercialização de produtos adulterados como uma afronta ao Brasil, que responde por 40% da produção mundial de café. “Fraudar o café é desrespeitar mais de 300 mil produtores, 1.300 indústrias e os 220 milhões de brasileiros que consomem a bebida diariamente”, destacou Inácio.
Além de afetar diretamente a qualidade do produto, a fraude prejudica a reputação das marcas varejistas, que podem vender, sem saber, um café adulterado e de baixa qualidade. Para combater esse problema, a ABIC realiza um rigoroso monitoramento da qualidade, com coletores espalhados pelo Brasil, oito laboratórios credenciados e auditores externos. Desde 1989, mais de 170 mil análises foram realizadas, com uma média anual de 5 mil testes.
A fiscalização da qualidade do café também conta com a atuação de órgãos públicos, como a INVISA, o Procon-RJ e o Ministério da Agricultura. Durante o evento, a presidente do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Aline Borges, a coordenadora de Estudos e Pesquisas do Procon-RJ, Flavia Lira, e o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Hugo Caruso, apresentaram as regulamentações e normas sanitárias do setor.
Projeto Gôndola Certificada
Para garantir confiança e tranquilidade aos consumidores, foi assinado um documento para a implantação do Projeto Gôndola Certificada, fruto de uma parceria entre ABIC, ASSERJ e Firjan. A iniciativa visa assegurar a qualidade e pureza do café comercializado nos supermercados, reforçando a transparência para o consumidor.
“A assinatura de hoje marca o início de um projeto promissor, cujo primeiro passo é formalizar esse compromisso. Entendemos que essa iniciativa tem um forte apelo comunicativo com o consumidor, principalmente no aspecto essencial da segurança alimentar”, afirma Fábio Queiróz.
“Há desafios comerciais que influenciam essa estrutura, mas o mais importante agora é abrir o diálogo e iniciar as ações práticas. Tenho certeza de que já veremos avanços imediatos a partir de hoje. No entanto, esse é um processo que exige planejamento conjunto e decisões estratégicas, que serão construídas em parceria entre a ASSERJ e a ABIC”, concluiu.
Benefícios do projeto
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Promove a segmentação da gôndola por categorias de café
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Incentiva a produção de cafés certificados
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Assegura que o café atende aos padrões de qualidade estabelecidos pela ABIC
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Oferece aos consumidores cafés puros e de qualidade comprovada
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Garante segurança jurídica aos supermercados
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Promove a organização e atratividade da gôndola
Como funciona o projeto
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Separa os cafés por categorias: extraforte, tradicional, superior, gourmet e especial
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Disponibiliza ao consumidor produtos com os rótulos em conformidade com as normas
Com base em três pilares — certificação, educação do consumidor e cooperação com o poder público — a ABIC reafirma seu compromisso na defesa da qualidade do café brasileiro. “Nosso objetivo é garantir que o consumidor tenha acesso a um produto puro e de alta qualidade, combatendo práticas desleais e assegurando o respeito ao setor cafeeiro nacional”, concluiu Inácio.